Clube da Luta (Fight Club – 1999)
Um explosivo sofredor de insônia (Edward Norton) e um carismático vendedor de sabonete (Brad Pitt) canalizam agressão transformando-a em uma nova forma de terapia. O seu conceito pega, e formam-se diversos clubes da luta clandestinos em cada cidade, até que uma mulher excêntrica (Helena Bonham Carter) entra na jogada e desencadeia uma situação fora de controle rumo ao caos.
Eu tive a sorte de ver o filme na época da estreia, sem muita informação, não havia lido o material original de Chuck Palahniuk, publicado originalmente em 1996, então realmente senti o impacto de sua reviravolta, assim como demorei para digerir as críticas que o roteiro de Jim Uhls propunha, o sabor residual da obra, tão amargo quanto o deixado pelo livro, permanece até hoje, basta eu lembrar de suas cenas.
A vida do protagonista (Norton) se resume ao trabalho entediante numa empresa de seguros, ele, desde cedo, seguiu os ritos sociais, entrou na fila de angustiados que precisam ganhar muito dinheiro, para custear coisas que verdadeiramente não agregam valor afetivo, mas que, na sociedade, são vistas como símbolo de conforto e glória. Esta existência vazia vai gradativamente minando suas forças, as noites em claro começam a cobrar tributo de sua saúde mental.
“Essa é a sua vida e ela está terminando um minuto de cada vez.”
Aconselhado por seu médico, ele experimenta uma reunião de apoio à vítimas de câncer, na esperança de que o choque de realidade retire o jovem de sua letargia, mas, por mais absurdo que seja, ele acaba se viciando na vitimização ilusória, recebendo atenção e carinho de estranhos, ele consegue lidar melhor com seus problemas.
Claro, a alegria dura pouco, a presença de outra impostora no local, Marla (Helena), perturba sua rotina, abrindo caminho para a aparição de um elemento novo, a projeção sem travas morais de sua persona, Tyler (Pitt). A simbologia do enfrentamento físico, primitivo, reflete o conflito interno entre o bruto desejo de se libertar da futilidade e o orgulho adestrado na coleira segurada com mãos firmes pelo sistema.
O tom revolucionário é visualmente captado pelo sempre competente David Fincher, que já havia entregado pérolas como “Vidas em Jogo”, “Seven” e o subestimado “Alien 3”. Só que, diferente do que muitos enxergam na trama, o interesse do autor e do responsável por sua adaptação cinematográfica está em expor os absurdos inerentes à transgressão extrema, a ideologia torta que prega a utópica destruição do capitalismo, incitando anarquia e vandalismo, alimentada pelas frustrações e o sentimento de culpa de seus adeptos.
O problema do protagonista não é o capitalismo, mas sim, a dependência psicológica dele no consumismo vazio, sem propósito, a incapacidade de traçar um caminho original sem a necessidade do aval de outrem. Tyler, um vilão injustificável, assim como o taxista de Scorsese e, mais recentemente, o Coringa, de Phillips, acabou se tornando na cultura popular um herói, algo que diz muito sobre a sanidade mental de quem falha em compreender algo tão óbvio.
Aliás, estratégia desgastada, em seu lançamento ele, assim como “Coringa”, também foi apedrejado pelos progressistas por “glorificar a violência”, clara tentativa de afastar as pessoas da imagem distorcida refletida do espelho, afinal, não é inteligente aplaudir um atestado tão claro de insanidade.
“Clube da Luta” segue muito eficiente em revisão.
Cotação:
Jurado Nº 2 (Juror #2 - 2024) Pai (Nicholas Hoult) de família serve como jurado…
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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