Séries

Crítica nostálgica da série “MacGyver – Profissão: Perigo” (1985-1992)

MacGyver – Profissão: Perigo (MacGyver – 1985 a 1992)

MacGyver (Richard Dean Anderson) é um agente secreto diferente. Quieto e bem educado, ele se recusa a levar uma arma em suas missões. Conhecedor da ciência, ele consegue usar qualquer material ao seu redor para criar uma solução – quase sempre pouco ortodoxa – para os problemas que enfrenta.

Poucas coisas me transportam imediatamente à minha infância nos anos 80 como esta série, especialmente o episódio “The Golden Triangle”, o segundo da primeira temporada, com o clima daqueles filmes do Chuck Norris, mostrando o herói se aventurando na selva de Burma e, aos moldes de “Os Sete Samurais”, ensinando o povo humilde do vilarejo a se defender dos opressores.

Na época em que a Rede Globo exibia aos domingos uma seleção de séries norte-americanas durante a manhã e a tarde, eu colava o rosto na telinha, com um copo de refrigerante numa mão e, na outra, o boneco horroroso do personagem lançado pela Glasslite. E, claro, não consigo imaginar MacGyver sem a voz de Garcia Júnior, na impecável versão brasileira capitaneada pelo estúdio Herbert Richers.

É até constrangedora a tentativa recente de refilmagem, que falha em captar a essência do conceito criado por Lee David Zlotoff, ignorando o segredo do sucesso, a combinação do carisma e precioso timing cômico de Richard Dean Anderson com a preocupação no roteiro de dar destaque à engenhosidade improvisada dos MacGyverismos (sim, virou verbo oficial), o novo produto é basicamente um genérico policial apressado com um título de efeito comercialmente testado e aprovado.

O clássico, principalmente nos episódios iniciais da primeira temporada, parecia filme, as tramas eram intensas, movimentadas, várias locações, o mote era a ação, algo que foi se perdendo nos anos seguintes.

Revendo para a preparação deste texto, constatei que a magia de episódios maravilhosos como “The Gauntlet”, “The Prodigal” e “Thief of Budapest” segue muito eficiente, enquanto boa parte do que foi produzido após a terceira temporada, apesar de teoricamente mais refinado, carece de paixão, o próprio Anderson aparenta cansaço.

O episódio piloto é impressionante quando comparado à similares do período, a fotografia ficou sob responsabilidade de Tak Fujimoto, que viria a trabalhar em “O Silêncio dos Inocentes”, “Filadélfia” e “O Sexto Sentido”, uma assinatura visual elegante, sombria nos momentos certos, dando mais peso às situações de perigo.

Os produtores Henry Winkler e John Rich, oriundos da comédia, ajudaram na construção do tom leve e irônico, simbolizado pelas narrações espirituosas, entrando em conflito no piloto com o diretor Jerry Freedman, que enxergava mais potencial dramático.

Havia nestas aventuras iniciais uma preocupação de manter as invencionices no terreno do possível, apesar de altamente improvável, a produção contava até com consultores científicos.

O diferencial do herói se recusar a utilizar armas de fogo (com exceção de uma breve cena no piloto), numa era dominada por brucutus como Rambo, Braddock e suas várias imitações, transformava ele em potencial modelo de formação de caráter da garotada, afinal, todo nerd podia se identificar com alguém que utilizava a inteligência para se safar das ciladas da vida.

Cotação:

Abertura da série com o tema musical composto por Randy Edelman:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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  • Muito bom, Octavio! Fui moldado ironicamente por Angus McGyver e Marion Cobretti...uma dualidade minimamente estranha, se for analisada com precisão! rs. Mas o que importa é que o personagem se tornou um ícone de uma Era mais liberta; onde a criatividade, a engenhosidade e o espirito desbravador fazia parte de qualquer infância sadia

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