Categories: Críticas

Crítica do documentário “Mulher”, de Yann Arthus-Bertrand e Anastasia Mikova

Mulher (Women – 2019)

Um retrato íntimo que explora temas como casamento, educação, independência financeira e maternidade. Cerca de duas mil mulheres, de 50 países, estão presentes neste documentário que mostra sua força, mas também aborda as injustiças às quais elas são submetidas diariamente.

O documentário dos diretores Yann Arthus-Bertrand e Anastasia Mikova é dedicado às mães, os registros em vídeo causam impacto imediato pela simplicidade estética, com exceção de alguns segmentos poéticos, com as entrevistadas olhando diretamente para o espectador, opção que reforça o poder das palavras e a emoção que transborda frequentemente nos olhos marejados.

A forma episódica como os vários temas são abordados conduz o espectador por uma variedade de impulsos, da pura contemplação da beleza de espírito, passando pela profunda revolta e pela alegria contagiante, sem dedicar tempo à reflexão do que é exposto, priorizando as frases de efeito. Há uma tentativa clara de unificar a mulher em uma representatividade global, uma decisão ambígua, ao mesmo tempo em que reduz a complexidade feminina, esvaziando-a dos devidos contextos sociopolíticos de cada nacionalidade, demonstra que a dor e, por conseguinte, a resiliente jornada de reinvenção constante, pesam o mesmo na alma, sem levar em conta raça, credo ou condição financeira.

“Mulher” é mais humanista do que cinematográfico em essência, peca também pela longa duração, mas ganha pontos por evidenciar de forma prática nos relatos que o conceito de empoderamento, bandeira importante na agenda feminista, não faz sentido algum, pura falácia politiqueira, apenas um chavão vazio e mercadologicamente atraente que reforça subliminarmente a insegurança, já que toda mulher, pela própria natureza, em qualquer lugar do mundo, nasce poderosa.

Cotação:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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