Gladiador (Gladiator – 2000)
Nos dias finais do reinado de Marcus Aurelius (Richard Harris), o imperador desperta a ira de seu filho Commodus (Joaquin Phoenix) ao tornar pública sua predileção em deixar o trono para Maximus (Russell Crowe), o comandante do exército romano. Sedento pelo poder, Commodus elimina seu pai, assume a coroa e ordena o fim de Maximus, que consegue fugir e passa a se esconder sob a identidade de um escravo e gladiador do Império Romano.
Inspirado no livro “Those About to Die”, do jornalista Daniel P. Mannix, com roteiro de David Franzoni e William Nicholson, com retoques de John Logan, este épico atraiu a atenção do diretor Ridley Scott, que se interessou principalmente pelo cenário da Roma antiga e a mensagem transmitida na incrível jornada do protagonista, Maximus Decimus Meridius, o general que corajosamente desafiou um império corrompido, papel responsável por comprovar para o mundo o talento do neozelandês Russell Crowe.
A produção foi tumultuada, o ator se mostrou incomodado com diálogos pouco sutis, logo, o texto foi sendo refinado durante as filmagens, alguns momentos que se tornaram icônicos foram completamente improvisados, e, para piorar, o veterano Oliver Reed, que vive o mentor do herói, faleceu por ataque cardíaco antes de terminar sua participação, forçando os produtores à utilização de um dublê digital crível em algumas cenas importantes, procedimento que custou uma pequena fortuna.
“O que fazemos em vida ecoa por toda a eternidade.”
Um dos trunfos pouco lembrados do filme é a forma estilizada com que a fotografia de John Mathieson trabalha as sequências de batalha, emulando os efeitos stop motion de “O Resgate do Soldado Ryan”, realçando a bravura dos homens diante do perigo extremo.
Ao abraçar um subgênero à época esquecido pela indústria, Scott traçou um caminho arriscado, evitando a pompa e o espetáculo dos peplum (espada e sandália) tradicionais, optando por uma inspiração direta mais intimista e psicologicamente rica, “A Queda do Império Romano” (1964), de Anthony Mann, com Sophia Loren e Stephen Boyd, que fracassou nas bilheterias em seu tempo exatamente por seu tom excessivamente sóbrio.
A narrativa de vingança, tema sempre empolgante, que remete estruturalmente ao clássico “Ben-Hur”, estabelecida com segurança nos primeiros atos, explode em ação nos momentos certos, provocando a catarse emocional necessária no público.
A figura patética de Commodus (Phoenix) representa o invejoso incompetente que encontra justificativa para qualquer absurdo, inclusive o patricídio, covarde e traiçoeiro, vê à distância seus peões sujarem as mãos em seu nome, já que literalmente treme diante da presença imponente de um indivíduo com caráter.
Não demora para que o espectador torça por sua derrocada, enquanto acompanha a ascensão do escravo injustiçado na arena de gladiadores, que logo conquista o respeito de seus semelhantes e a admiração do povo, em suma, tudo o que o inseguro que tomou o trono sem mérito mais deseja.
O momento arrepiante em que o guerreiro finalmente se revela, retirando lentamente seu elmo e encarando friamente seu algoz, enquanto afirma que terá sua vingança, nesta vida ou na próxima, entrou de forma merecida para a história da sétima arte pela sua força simbólica.
A obra segue emocionante em revisão, sobreviveu muito bem ao teste do tempo e merece ser revisitada nos tempos sombrios em que vivemos.
Cotação:
Trilha sonora composta por Hans Zimmer e Lisa Gerrard:
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De fato, inesquecível!
Já vi inúmeras vezes e verei outras c certeza.
A cena inicial já me bastava.
Joaquim Fênix fantástico.
Já é um clássico!
Uma das cenas que eu mais gosto é quando Decimus ordena que os legionários embainhem as espadas e deixa o imperador se virar sozinho.