Pulp Fiction (1994)
Os caminhos de vários criminosos se cruzam nestas três histórias de Quentin Tarantino. Um pistoleiro se apaixona pela mulher de seu chefe, um boxeador não se sai bem em uma luta e um casal tenta executar um plano de roubo que foge do controle.
O mais próximo que os brasileiros da minha geração chegaram da leitura das tradicionais pulp fictions foram os bolsilivros de faroeste, policial e espionagem, com muita ação, situações bizarras, reviravoltas absurdas e diálogos espirituosos, lançados principalmente pela editora Monterrey, vendidos nas bancas de jornal por valores irrisórios, com papel de baixíssima qualidade, que trocávamos com os raros coleguinhas da sala de aula que também gostavam de ler.
Nós aguardávamos ansiosos novos títulos de pseudônimos como Lou Carrigan e Donald Curtis, que assinavam tramas divertidíssimas com protagonistas de nome exótico, como Horace Young Kirkpatrick e Brigitte Montfort, material que poderia ser devorado em algumas horas. Infelizmente o hábito de leitura do brasileiro, que já era frágil, acabou se perdendo nas últimas desastrosas décadas, mas ainda guardo com carinho estes livrinhos maravilhosos.
Quentin Tarantino estava na crista da onda no início da década de 90, recebendo vários convites, mas preferiu seguir o caminho autoral independente e arriscar tudo com um projeto difícil de ser reduzido à um único gênero. Ele celebra em “Pulp Fiction” o espírito destas histórias rápidas, populares, empolgantes e, quase sempre, estapafúrdias (no melhor sentido).
O sucesso de seu trabalho anterior como diretor, “Cães de Aluguel”, injetou curiosidade no público, todos já esperavam a sua singular verve irônica, mas a escalação corajosa de John Travolta para o papel de um desajeitado pistoleiro de aluguel elevou a expectativa às alturas, já que o ator estava desacreditado na indústria, havia se tornado uma caricatura de sua persona icônica na década de 70.
Travolta se entregou de corpo e alma ao projeto, que encarou como sua última chance em Hollywood, elemento que transparece na energia das cenas, culminando na famosa sequência de dança no restaurante estilo vintage, toque de gênio do jovem diretor, quando vemos aquela figura acima do peso e aparentemente entediada, em questão de segundos, flutuar na ponta dos dedos naquela pista como um adolescente, acompanhando os passos de Uma Thurman, ao som do grande Chuck Berry.
Tarantino acabou se tornando também nos últimos anos uma caricatura de sua persona, escravo do próprio estilo, mas exalava espontaneidade àquela época, cenas características em seus roteiros, como a longa e inócua discussão no carro envolvendo o nome de um sanduíche na França, ao invés de distrair e afastar o espectador, prejudicando o ritmo e a imersão emocional, agarravam o público pelo colarinho e agregavam camadas relevantes no desenvolvimento narrativo dos personagens.
A utilização das referências à cultura pop soava genuína, a opção pela estrutura de trama não-linear, longe de ser apenas um recurso autoindulgente, engrandece a catarse do desfecho.
Revisto para a preparação deste texto, o filme segue eficiente, intenso. A forma como o roteiro entrelaça as quatro subtramas, com a edição primorosa da saudosa Sally Menke, ainda soa refrescante, jovial, algo digno de nota já que a sua fórmula foi bastante copiada nos anos seguintes.
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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