Críticas

Você se lembra do LINDO “A Colina do Amor Eterno”? (1972)

A Colina do Amor Eterno (María – 1972)

Efraín (Fernando Allende) e María (Taryn Power) são dois amantes para quem o amor é um sentimento puro e perfeito. Suas vidas, no entanto, são cheias de dificuldades. O destino os coloca à prova, mas é a verdadeira essência do amor que os protegerá nos momentos mais difíceis.

Agradeço a dica da leitora Erotildes Gadelha, que me perguntou sobre este título, o que me fez buscar na internet, uma obra que emocionou o público brasileiro nas salas de cinema, mas jamais foi lançada em VHS ou DVD, ficou perdida nas prateleiras empoeiradas do tempo. Vale destacar uma curiosidade, a voz da jovem Taryn, filha de Tyrone Power, foi dublada por María Antonieta de las Nieves, popularmente conhecida como a personagem Chiquinha, do seriado mexicano “Chaves”.

Adaptado do popular romance do escritor colombiano Jorge Isaacs, publicado em 1867, o filme do diretor chileno Tito Davison (Oscar Herman Davison) resgata competentemente o senso de elegância e intenso sentimentalismo do período, altamente influenciado pela literatura francesa, elemento evidente desde os créditos iniciais, emoldurados pela chorosa balada “María”, composta por Roberto Pansera e Ricardo López Méndez, interpretada por Jesús David Quintana, algo que pode incomodar o dessensibilizado e imediatista público moderno.

As cenas são afinadas coerentemente no diapasão melodramático folhetinesco, demonstrando que a paixonite infantil marcou profundamente os dois, que, apesar de afastados por vários anos, sempre sonharam com o reencontro. O terceiro ato é emocionalmente devastador, ainda que previsível.

A pureza ingênua da história encanta, em idílico flashback vemos o pequeno Efraín beijando o dedo de sua irmã adotiva, María, ferido pelo espinho de uma flor, prometendo que se tornará médico e cuidará dela. Ela então pede para cortar fios de seu cabelo, para que nunca se esqueça dele. Minutos depois, o momento se repete no tempo presente, a jovem estende a mão na direção do rapaz e pergunta suavemente: “Não vai me curar?” Mais delicado, impossível!

Quando a jovem sofre uma crise nervosa e fica acamada, prenúncio da tempestade que atormentaria suas vidas, Efraín se aproxima lentamente do leito e acarinha respeitosamente seus cabelos, leitmotiv visual que terá uma bonita rima no desfecho. Estes detalhes sutis engrandecem a obra, mais do que a trama em si.

A bela fotografia de “A Colina do Amor Eterno”, de Gabriel Figueroa, recebeu o prestigiado prêmio Ariel, o Oscar mexicano.

* Você consegue encontrar esta pérola rara completa no Youtube.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

View Comments

  • Assisti esse filme na minha adolescência e nunca esqueci. É tipo um "Titanic". Um filme de amor. Lindo demais! Gostaria de rever.

Recent Posts

PÉROLAS que ACABAM de entrar na AMAZON PRIME

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

1 dia ago

ÓTIMOS filmes que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

1 dia ago

Dica do DTC – “Shitô No Densetsu”, de Keisuke Kinoshita

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não…

1 semana ago

ÓTIMOS filmes que ACABAM de entrar na AMAZON PRIME

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

1 semana ago

Crítica nostálgica da clássica série “Taxi” (1978-1983)

Taxi (1978-1983) O cotidiano dos funcionários da Sunshine Cab Company, uma cooperativa de táxi em…

1 semana ago

PÉROLAS que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

2 semanas ago