A Ilha (Grand Isle – 2019)
Um pai é acusado de um crime e deve provar sua inocência ao recordar uma noite muito sombria.
O meu gênero de formação é o terror, logo, aprecio todo tipo de investida nesta seara, inclusive projetos que celebram o despretensiosismo que remete aos thrillers B das décadas de 80 e 90. “Grand Isle” foi apedrejado por colegas críticos norte-americanos, está neste momento com a rara cotação negativa 0% no site agregador “Rotten Tomatoes”, então fiz questão de conferir se o filme realmente é tão desastroso, ou se, como de costume, os veículos de imprensa estão simplesmente tentando polemizar no desespero para conseguir acessos.
O roteiro de Iver William Jallah e Rich Ronat se mostra competente naquilo que se propõe a entregar, prende a atenção do público do início ao fim, não reinventa a roda, mas também não comete o erro comum de “retirar o monstro das sombras”, o maior mérito é permitir ao espectador que construa, com sua imaginação, cenas escabrosas a partir das revelações que são feitas no terceiro ato. A intensidade na atuação de Nicolas Cage, característica que eleva a qualidade até de seus trabalhos mais fracos, ajuda a compor um retrato doentio de um casal que parece saído dos recônditos da deep web, aparentemente inofensivo, mas internamente distorcido.
O diretor Stephen S. Campanelli, do intrigante “Indian Horse” (2017) e do eficiente suspense “Momentum” (2015), é mais reconhecido por ter sido o primeiro a combinar a steadicam (estabilizador de câmera) ao processo de filmagem, possibilitando uma nova perspectiva à função, atitude que chamou a atenção de vários cineastas, como Clint Eastwood, com quem firmou parceria desde “As Pontes de Madison”. Ele consegue injetar segurança nas sequências tensas, mas não impõe firmeza na assinatura, prejudicando o desenvolvimento das cenas protagonizadas pelo detetive, vivido por Kelsey Grammer.
Vale destacar a presença hipnótica da belíssima KaDee Strickland, que entendeu bem o tom quase caricato de sua personagem, manipuladora ao extremo, utilizando o psicológico fraco e complexado de seu marido, o veterano de guerra (Cage), como força motriz para a satisfação de seus caprichos.
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