O Diabo de Cada Dia (The Devil All The Time – 2020)
Em um lugar tomado por corrupção e violência, um jovem enfrenta figuras sinistras para proteger quem mais ama.
O roteirista/diretor Antonio Campos, dos bons “Depois da Escola” (2008) e “Christine” (2016), adapta livremente o livro homônimo de Donald Ray Pollock, entregando uma trama que aborda traumas de guerra e as camadas da psicopatia, os transtornos mentais que se tornam terreno fértil para o plantio de sementes de fanatismo religioso, mas infelizmente peca no previsível e superficial terceiro ato e em algumas opções narrativas, principalmente a narração onipresente, elemento sempre problemático em cinema, reforçando inutilmente o que já estamos vendo.
A rapidez com que cada subtrama entrelaçada é trabalhada prejudica o impacto sensorial, também banalizado pelo excesso de violência, a necessária conexão emocional com os personagens interessa menos que a estilização cafona, com a repetição desnecessária de sua mensagem (bastante óbvia) enfraquecendo ainda mais o resultado. Os esforços instintivos do elenco, com destaque para Bill Skarsgård (brilhante como o pai escravo de uma fé deturpada), Tom Holland e Robert Pattinson, são boicotados pela atitude blasé da direção de Campos, aquela frieza típica de projetos indie autoindulgentes, abusando de enquadramentos grandiosos e diálogos prolixos e (quase sempre) vazios.
“O Diabo de Cada Dia” se beneficiaria com uma edição mais objetiva, a longa duração frequentemente quebra o ritmo e acentua os problemas, menos é sempre mais.
Cotação:
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