Críticas

Crítica de “O Céu da Meia-Noite”, de George Clooney, na NETFLIX

O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky – 2020)

Augustine (George Clooney), um cientista solitário no Ártico, corre contra o tempo para impedir que um grupo de astronautas volte à Terra depois de uma catástrofe global.

George Clooney é um ator carismático, inegável, mas como diretor ainda não demonstrou a segurança necessária. Ele foi exageradamente mimado pela imprensa em sua estreia, com o inexpressivo “Confissões de uma Mente Perigosa”, depois entregou “Boa Noite e Boa Sorte” e “O Amor Não Tem Regras”, esforços (sendo generoso) medianos, até que finalmente acertou o equilíbrio entre proposta e execução em “Tudo Pelo Poder”, mas os dois trabalhos anteriores, “Caçadores de Obras-Primas” e “Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso” são simplesmente ruins, logo, fiquei curioso quando li sobre o conceito pós-apocalíptico de seu novo projeto, com roteiro de Mark L. Smith, adaptado do livro “Good Morning, Midnight”, estreia da norte-americana Lily Brooks-Dalton.

As intenções são as melhores, o coração da obra está no lugar certo, o elenco é afinado, mas o ritmo é terrivelmente arrastado, elemento que realça o pretensiosismo esnobe que afasta até mesmo os espectadores mais dedicados. Alguns recursos prejudicam ainda mais a experiência, como a utilização desajeitada da narração em off nas sequências em flashback, protagonizadas por um jovem Augustine, vivido por Ethan Peck (neto de Gregory Peck).

A tripulação da nave, composta por Kyle Chandler, Demian Bichir, Tiffany Boone, Felicity Jones e David Oyelowo, não passa de um arremedo de clichês rasteiros, tiras de cartolina que terminam sendo uma incógnita incômoda para o público, problema mais grave na estrutura do filme, que perde força sempre que se afasta da aventura existencialista do personagem de Clooney.

O tom áspero, distante, remete ao recente “Ad Astra”, mas o roteiro não consegue incutir o mínimo necessário de tensão palpável, não há senso de urgência, por conseguinte, o drama humano soa artificial, forçado, por vezes até bobo, culminando em uma reviravolta bastante previsível.

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Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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