Ponto Vermelho (Red Dot – 2021)
Com o relacionamento em crise e um bebê a caminho, um casal (Anastasios Soulis e Nanna Blondell) decide passar uns dias nas montanhas para reacender a paixão, mas acaba na mira de criminosos impiedosos.
O roteiro, assinado por Alain Darborg e Per Dickson, peca por forçar a mão na suspensão de descrença do público em algumas reviravoltas no terceiro ato, perturbando um pouco a imersão emocional, mas o thriller sueco trabalha um conceito simples com muita competência, conseguindo manter a tensão palpável, elemento facilitado pela esperta opção da duração reduzida, intensos 85 minutos, auxiliado pela entrega visceral dos protagonistas.
A ideia original nasceu do medo do cineasta de se tornar pai, mas a mensagem da obra toca mais fundo na questão da impunidade e seus efeitos psicológicos. É inteligente a forma como a história aponta para uma genérica luta por sobrevivência contra fatores externos, quando, na realidade, a guerra mais devastadora ocorre no silêncio interno da consciência.
Um dos méritos da trama é jogar com as expectativas, navegando por várias desgastadas convenções do gênero, para que, no momento perfeito, o anzol seja puxado e nós, mantidos no alvo como os personagens, sejamos então conduzidos para o terreno do desconhecido e do indomável, assim como o ambiente gélido e afastado da civilização em que o casal busca reacender a chama do relacionamento abatido pela rotina.
O filme acerta por manter a pegada séria do início ao fim, sem alívios cômicos, opção que se mostra coerente quando o espectador finalmente compreende o leitmotiv. Corajoso e angustiante, “Ponto Vermelho” é daqueles raros projetos atuais que seguem vivos na mente horas após o término da sessão.
Cotação:
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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