Críticas

“Arrebentando em Nova York”, de Stanley Tong, com JACKIE CHAN

Arrebentando em Nova Iorque (Hong Faan Kui – 1995)

Jackie interpreta Keung, um policial de Hong Kong que viaja à NY para ajudar seu tio num mercado do Bronx. Lá descobre que o tio vai se casar e vender o mercado para uma bela moça chamada Elaine (Anita Mui). Assim que a jovem compra o mercado, uma gangue invade a loja e rouba alguns produtos. Sentindo-se responsável, Keung fica por ali para ajudá-la. De repente, ele se vê envolvido num grande roubo de diamantes.

Inicialmente vendido equivocadamente como um substituto de Bruce Lee (em filmes como “New Fist of Fury”), Jackie Chan somente conseguiu atrair a atenção do público, quando percebeu que seu talento residia em ser radicalmente oposto ao mitológico pequeno dragão. Enquanto Lee recebia um soco e, com olhar ameaçador, lambia seu próprio sangue, Chan denunciava a dor que sentia em caretas engraçadas. Esta atitude não fazia dele um oponente menos desafiador, mas o humanizava.

Apaixonado pela arte de Buster Keaton e Charles Chaplin, ele buscava repetir em cena as acrobacias de seus ídolos. Combinando lutas muito bem coreografadas, um senso de humor cativante e peripécias extremamente perigosas, suas produções são inimitáveis.

O melhor trabalho para apresentá-lo aos não-iniciados é “Arrebentando em Nova York”, o projeto que o transformou em um astro internacional. Todos os elementos funcionam, desde a ação que vai progressivamente aumentando em escala, passando pelo senso de humor (impagável o momento em que Chan conhece a nova namorada de seu tio), até as incríveis acrobacias (especialmente aquelas que envolvem um hovercraft no centro da cidade).

O protagonista já não é mais aquele garoto da década de setenta, mas ainda mantinha o porte atlético que não demandava a assistência de dublês ou “truques” (seus filmes pós-“A Hora do Rush” padecem deste mal necessário). A utilização tradicional dos acidentes e erros, em uma divertida montagem nos créditos finais potencializa ainda mais a beleza desta arte.

Existe algo mais belo que um artista desafiar a morte repetidas vezes, quebrando-se todo no processo, apenas para concluir uma cena? Com certeza é mais apaixonante que admirar um galã americano sair de seu trailer com ar-condicionado, respingar água em seu rosto e completar uma cena de ação em chroma-key.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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