Meu Pai (The Father – 2020)
Anthony (Anthony Hopkins) tem 81 anos de idade. Ele mora sozinho em seu apartamento em Londres, e recusa todos os cuidadores que sua filha, Anne (Olivia Colman), tenta impor a ele. Mas isso se torna uma necessidade maior quando ela resolve se mudar para Paris com um homem que conheceu há pouco, e não poderá estar com pai todo dia. Fatos estanhos começam a acontecer: um desconhecido diz que este é o seu apartamento. Anne se contradiz, e nada mais faz sentido na cabeça de Anthony. Estaria ele enlouquecendo, ou seria um plano de sua filha para o tirar de casa?
O roteiro, escrito por Christopher Hampton (de “Ligações Perigosas”, peça e filme), adaptado da premiada peça do francês Florian Zeller, que estreia com segurança na direção, já transposta livremente para o cinema no bom “A Viagem de Meu Pai” (2015), encontra na entrega inspirada de Anthony Hopkins sua versão definitiva, fiel em espírito e letra ao belíssimo material original.
O montador Yorgos Lamprinos merece crédito por superar um complicado obstáculo na linguagem cênica da obra, evitando que fosse reduzida ao compreensível teatro filmado, utilizando convenções do terror na forma como trabalha o processo de degradação mental do protagonista, inserindo gradativamente o espectador neste labirinto, confundindo-o sobremaneira a cada cena (tudo o que vemos é pela perspectiva dele), opção inteligente que faz com que o público verdadeiramente sinta a angústia do homem, no conflito interno constante para manter sua dignidade.
O leitmotiv da história é representado pelo relógio de pulso do personagem, algo que ele está sempre buscando, a frustração por não conseguir manter uma percepção clara do tempo, projetando sua raiva na constante crença de que foi roubado. Por outro lado, há uma filha dedicada que sacrifica sua vida profissional e amorosa para cuidar dele, outro drama que o roteiro desenvolve com extrema competência, ressaltando sua dor em cenas silenciosas, o olhar lânguido para um casal apaixonado na janela vizinha, a reação impulsiva ao questionamento do marido sobre a cuidadora bonita e jovem, detalhes sutis enriquecidos pela atuação estupenda de Olivia Colman.
O tema é forte, profundamente triste, brutalmente honesto, afinado no mesmo diapasão depressivo de “Amor”, de Michael Haneke, logo, pode ser uma experiência difícil para muitos, mas possui um dos desfechos mais emocionantes do cinema moderno. A compreensão plena da realidade (envolvendo a direção de arte nos ambientes) é um momento devastador para o espectador e para o protagonista, um toque brilhante, que é potencializado em revisão.
“Meu Pai” é engenhoso, elegante e impactante, desde já, um dos melhores filmes do ano.
Cotação:
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O filme no início nos deixa tão perdidos como o próprio protagonista. Joga com detalhes que nos conta que alguma coisa está acontecendo na cabeça de Anthony, colocando nossa visão na visão subjetiva do doente, o filme se torna repetitivo, confuso, como a própria mente de Anthony.
Um tema muito profundo, recordei muita coisa de meus pais e penso no que me espera com o passar dos anos. O envelhecimento e os problemas mentais, o cuidado dos pais, o esquecimento são temas presentes no filme e também em nossa vida. Filme excelente!