A Mulher na Janela (The Woman in The Window – 2021)
Confinada em casa devido à agorafobia, uma psicóloga, Anna (Amy Adams), fica obcecada pelos novos vizinhos – e por solucionar o crime brutal que viu da janela.
É curioso como a politicagem e o lobby ficaram descarados nos últimos anos, a crítica norte-americana está destruindo este filme em preguiçoso tom de deboche. Antes de ver a obra, achei estranho, o projeto conta com o roteiro do competente Tracy Letts, responsável por “Álbum de Família” (peça e roteiro) e “Killer Joe” (peça e roteiro), duas pérolas muito acima da média, será que ele realmente entregou desta vez uma bomba?
A direção é do britânico Joe Wright, de “Desejo e Reparação” e “O Destino de Uma Nação”, bela cinebiografia de Winston Churchill, personagem histórico que é alvo da militância dita “progressista”. Eu fico imaginando se esta reação agressiva da imprensa não é uma retaliação pelo crime de ter celebrado em seu projeto anterior na indústria um nome fundamental para a direita.
“Bisbilhotar é como fotografar a natureza: a gente não interfere no que está vendo.” (trecho do livro)
A adaptação cinematográfica do livro homônimo de A.J. Finn (pseudônimo de Dan Mallory), bom thriller psicológico, um típico page turner, está longe de ser uma bomba, qualquer análise justa e profissionalmente responsável vai encontrar mais pontos positivos que negativos, o elenco, por si só, já garante dignidade, Amy Adams (vale ressaltar, estupenda), Gary Oldman e Julianne Moore, encontro de titãs.
No material original, fica clara a admiração do controverso autor pelos filmes clássicos das décadas de 40 e 50, principalmente Hitchcock, a protagonista é apaixonada pelo tema e vive soltando referências, o roteiro transporta com fidelidade este aspecto, logo, reclamar que a estrutura remete ao estilo do mestre do suspense é tolice, a proposta é exatamente esta, uma esperta e despretensiosa homenagem, com a trilha sonora de Danny Elfman emulando em alguns momentos a assinatura sonora de Bernard Herrmann.
Uma opção inteligente foi cortar o início do livro, que foca na personagem espiando a vida dos vizinhos, inclusive torcendo para que uma traição conjugal seja flagrada, algo que funciona nas páginas, mas na linguagem audiovisual poderia jogar uma luz muito antipática nela, prejudicando cedo a imersão emocional do público. Outro ponto bem trabalhado na adaptação que favorece a experiência é, ao contrário do livro, adiar a percepção de que podemos estar diante de uma narração não-confiável, contribuindo para a confusão despertada após a reviravolta no segundo ato. É possível que estas correções tenham sido feitas pela edição nas refilmagens que ocorreram após o resultado negativo das exibições-teste.
Há um compreensível desequilíbrio tonal, mais aparente no desfecho, algumas arestas que poderiam ser aparadas, mas “A Mulher na Janela” é eficiente, mantém o espectador preso à trama.
Cotação:
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Fui influenciado por essa má vontade da crítica sobre este filme antes de vê-lo mas, como eu sou fã No. 1 de Amy Adams resolvi assisti-lo e gostei bastante...