Críticas

“Onibaba – A Mulher Demônio”, de Kaneto Shindô

Onibaba – A Mulher Demônio (Onibaba – 1964)

Japão, século XIV. Duas mulheres vivem de eliminar samurais e vender seus pertences. Porém, um dia uma delas encontra um misterioso samurai com uma máscara bizarra.

Kaneto Shindô, cuja filmografia sinaliza o interesse nos efeitos psicológicos da destruição atômica nos sobreviventes, faz com “Onibaba” uma menos óbvia alegoria do trauma de Hiroshima, algo que vai além da maquiagem do rosto desfigurado após a retirada da máscara demoníaca, visual que foi trabalhado pela equipe técnica com base em fotos de pessoas afetadas pela explosão.

O sucesso de “Godzilla”, lançado dez anos antes, indicava a preferência do espectador japonês por lidar com a ameaça de monstros fantásticos alegóricos, ao invés de analisar o evento por um microscópio realista. O samurai mascarado representa o agente da guerra, ele se vangloria de sua beleza desconcertante, a mentira no discurso que arregimenta jovens idealistas em um sistema podre, mas esconde cicatrizes horrendas por trás da máscara.

O conflito defendido pelo samurai foi o responsável por deixar a mãe em estado de pobreza extrema, sem possibilidade de trabalhar, foi o causador indireto do falecimento do filho. Ela sobrevive de pilhar outros como ele, mas precisa da força bruta da jovem nora. Quando a garota insinua querer largar aquela realidade e fugir com um amante, a mãe se desespera.

A máquina da guerra, o verdadeiro “demônio” a ser combatido, encontra identificação na mãe, que não teria meios de sobreviver no ambiente sem a utilização da mão de obra jovem.

  • O filme foi lançado em DVD e, claro, pode ser encontrado garimpando na internet.
Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

Recent Posts

FILMAÇOS que ACABAM de entrar na AMAZON PRIME

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

11 horas ago

Dica do DTC – “Jesús, el Niño Dios” (1971), de Miguel Zacarías

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não…

4 dias ago

Dica do DTC – “Sangue e Areia” (1941), de Rouben Mamoulian

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não…

5 dias ago

Os Melhores Filmes do Ano – 2024

Eu amo preparar esta tradicional lista de 10 Melhores Filmes lançados no Brasil, nas salas…

7 dias ago

Crítica de “Jurado Nº 2”, de Clint Eastwood

Jurado Nº 2 (Juror #2 - 2024) Pai (Nicholas Hoult) de família serve como jurado…

1 semana ago

ÓTIMOS filmes que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

1 semana ago