O Marido Era o Culpado (Sabotage – 1936)
Um detetive da Scotland Yard investiga um sabotador ligado a uma organização internacional que planeja explodir uma bomba em Londres. Quando o disfarce do detetive é descoberto, a trama começa a desenrolar.
Quando conheci o filme na adolescência, em uma exibição televisiva no “Cine Vida”, da “Rede Vida”, apresentado por Brancato Júnior e pelo crítico José Tavares de Barros, eu me lembro de ter ficado assustado com a crueza de Hitchcock. De certa forma, considero “O Marido Era o Culpado” mais ousado que os posteriores “Cortina Rasgada” e “Frenesi”.
A temática do terrorismo fez com que o filme fosse banido em alguns países, o tom sombrio refletia a complicada situação política na Europa, com a ameaça nazista espreitando nas sombras. O nível impressionante de tensão na sequência em que acompanhamos o passeio do menino que, sem saber, carrega uma bomba pelas ruas da cidade, uma aula que une elementos da montagem soviética de Eisenstein e Vertov ao senso de humor macabro do diretor. Inspirado levemente no livro “O Agente Secreto”, de Joseph Conrad, esta pérola da fase britânica merece maior reconhecimento, especialmente pela coragem.
O mundo ficaria chocado com a eliminação da personagem de Janet Leigh na primeira meia-hora de “Psicose”, em 1960, mas Hitchcock já subvertia todas as expectativas aqui, eliminando brutalmente a criança no ato terrorista, a pureza sendo a primeira vítima do medo.
* Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.
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