Vigilante Trapalhão (Il Vigile – 1960)
Otello (Alberto Sordi) consegue um emprego como policial de trânsito, mas o trânsito na cidade grande cria inúmeros problemas para ele.
Esta pérola frenética da comédia italiana conquista o público já nos primeiros minutos, ver Sordi, esbanjando carisma, explicando para o filho pequeno numa hilária progressão lógica como sua vida se tornou um inferno, implorando por emprego após retornar da guerra (na realidade, ele nem mesmo se dá ao trabalho de procurar), apesar do texto ser afinado no diapasão do humor, suscita uma forte crítica, evidenciando os obstáculos para o desenvolvimento econômico de um povo que ainda lutava para renascer das cinzas.
A riqueza cômica é mérito de Sordi, que consegue compor uma caricatura inegavelmente patética, enfatizada em sua expressividade facial, e, ainda assim, enriquecê-la com ternura cativante, conquista que se torna fundamental no momento em que o roteiro opera a transição, do humor leve para uma sombria exposição do esquema em que os poderosos da cidade (como o prefeito, vivido pelo grande Vittorio De Sica) se unem para preservar seus privilégios, culminando no ambiente propício, um julgamento no tribunal.
O desfecho celebra a esperança, mas não esconde nas entrelinhas a constatação agridoce de que é uma vitória temporária, a corrupção sempre encontra uma brecha, o olhar do diretor Luigi Zampa é compreensivelmente pessimista.
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