Críticas

“Footloose – Ritmo Louco”, de Herbert Ross, na NETFLIX

Footloose – Ritmo Louco (Footloose – 1984)

Recém-chegado de Chicago, Ren McCormak (Kevin Bacon) fica frustrado quando descobre que a pequena cidade proíbe a dança e a música de rock. Enquanto se esforça para se ajustar, Ren enfrenta uma árdua batalha para mudar a situação. Com a ajuda de um amigo, Willard Hewitt (Chris Penn) e da adolescente rebelde Ariel Moore, ele talvez consiga liberar esta cidade. Mas o pai influente de Ariel (Lori Singer), o reverendo Shaw Moore (John Lithgow) se torna um obstáculo.

Analisando o cenário mundial atual, pode-se prever que filmes abordando em qualquer medida o enfrentamento ao totalitarismo serão “cancelados”, ridicularizados, esquecidos, transformados em relíquias de museu, o objetivo agora é formar uma massa de covardes encoleirados ad aeternum pelo medo ilógico alimentado pela imprensa, uma nova geração de submissos aos sinais de comando do sistema, adestrados a pensar apenas o que é permitido pelos orwellianos “checadores da verdade”, logo, nós, aqueles que viveram desde a infância no mundo livre, que recordam como a coragem era uma virtude celebrada na arte, temos a obrigação de lutar para manter o espírito de nosso tempo vivo para a apreciação dos curiosos no futuro.

“(Eu sou LIVRE) O céu ajuda aquele que luta contra seu medo.”

A ideia do filme nasceu para Dean Pitchford, compositor responsável pelo sucesso “Fame” (1980), quando ele leu uma matéria de jornal sobre uma zona rural em Oklahoma, Elmore City, que havia conseguido se libertar de um impedimento legal de 82 anos, uma tentativa de manter o local livre de farras, em suma, qualquer tipo de estímulo à dança era proibido desde 1898.

O conceito era altamente atrativo, nas mãos de um roteirista competente, poderia se transformar em uma alegoria existencialista poderosa e, principalmente, cativante para o público adolescente.

E um dos méritos na trama é exatamente este, apostar no tom fabulesco, entender que não se trata de uma batalha para se poder mexer livremente o corpo, mas sim, a mente, elemento dominante no período dos anos 80, época em que o cinema norte-americano evidenciava os seus valores, tendo como vilão a ameaça comunista.

A garotada outrora compreensivelmente tinha dificuldade de entender, achava exagero, acreditava que era um pensamento maniqueísta, mas creio que o desumano experimento de engenharia social em escala global pensado por uma ditadura comunista veio para ensinar uma importante lição. Nós éramos felizes e não valorizávamos.

Quem mais sente falta daqueles dias sem a patrulha do “politicamente correto”, em que a liberdade básica era um direito inegociável, não precisávamos de permissão para respirar ar puro e a cultura popular garantia que a única coisa que devíamos temer era o próprio medo?

A presença do jovem Kevin Bacon, com carisma inegável, ajudou a fazer com que o filme se tornasse um sucesso mundial.

O diretor Herbert Ross injeta segurança no melodrama, algo que ele dominava, mas foca sua atenção nas sequências musicais, criando molduras criativas para canções como “Holding Out for a Hero” (desafio entre tratores) e “Let’s Hear it for the Boy” (subvertendo comicamente a fórmula do treino de dança).

O ponto alto é, obviamente, o empolgante desfecho ao som de “Footloose“, muitas vezes imitado, nunca igualado, com a fotografia de Ric Waite sensorialmente inserindo o público na festa.

A coreografia inteligentemente mostrando que a harmonia entre estilos de dança completamente diferentes é o segredo, há espaço para a desenvoltura habilidosa, a arrogância, a discrição, a elegância e, até mesmo, a total falta de senso rítmico.

A liberdade, esta sim, imprescindível, é a tônica de uma sociedade saudável.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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