Críticas

Crítica de “Na Mira do Perigo”, de Robert Lorenz, no TELECINE

Na Mira do Perigo (The Marksman – 2021)

Um fazendeiro, Jim (Liam Neeson), na fronteira do Arizona se torna o improvável defensor de um menino (Jacob Perez) mexicano que foge desesperadamente dos criminosos do cartel que o perseguiram até os EUA.

A campanha difamatória é tão forte nos veículos estrangeiros, que eu imaginei que seria uma bomba indefensável, como o tempo é curto, quase deixei de ver, ainda bem que não cometi este erro. Novamente, como já se tornou hábito, o sistema celebra exageradamente todo projeto que abraça inversão de valores e as pautas “progressistas”, enquanto joga para baixo do tapete aqueles roteiros que apostam narrativamente nos alicerces morais do “velho normal”.

O roteirista/diretor Robert Lorenz é reconhecido na indústria por sua parceria de vários anos com Clint Eastwood como produtor e diretor de segunda unidade, logo, mais um motivo para que seu “Na Mira do Perigo” seja colocado na lista de “cancelamentos”, aliás, motivos não faltam, a trama ensina que o vitimismo é psicologicamente danoso, que roubar é injustificável, e, como cereja do bolo, insere uma sequência em que o protagonista, ex-fuzileiro naval, ensina uma criança a se defender com arma de fogo, deixando claro que o desarmamento só serve aos regimes ditatoriais. A experiência de ver um filme assim nos dias de hoje é, sem brincadeira, terapêutico, injeta esperança.

Vale destacar também uma cena que evidencia que cumprir regras ilógicas JAMAIS é uma opção válida, o fazendeiro deveria entregar o menino para as formalidades legais (orfanato), como a força policial exigia, mas ele sabia que, ao fazer isto, colocaria o pequeno em risco gravíssimo, já que o cartel não mediria esforços para terminar o serviço, logo, ele aproveita um momento de distração dos oficiais e foge com a criança. Na jornada, a trama transmite mensagens sobre o valor da hombridade, a beleza do altruísmo, a importância de não permitir que a alma de uma criança seja corrompida.

Um herói como este, para a nova geração mimada, infantilizada e insegura, costuma ser criticado como “macho tóxico”, afinal, qualquer adulto que não se esconda debaixo da cama na hora do perigo é visto como um opressor, a garotada adestrada criativamente pela indústria com a fórmula reducionista dos super-heróis, simplesmente não consegue entender heroísmo que não seja representado por barbados engraçadinhos vestidos com collant colorido.

Liam Neeson, que se firmou nas telas desde “Busca Implacável” como o símbolo do vigilantismo, entrega desta feita uma de suas interpretações mais sensíveis, exibindo sem receio a fragilidade da idade, a tristeza da solidão após o falecimento da mulher amada, em suma, ele age, fala e sente como um adulto maduro, talvez por este motivo, o seu personagem não diga nada ao coração do público moderno.

A direção é firme, competente, as cenas de ação empolgam, principalmente porque há preocupação em preparar previamente o terreno para o investimento emocional do espectador, você se importa com o destino da improvável dupla.

Não deixe este FILMAÇO passar despercebido, uma pérola de ação à moda antiga.

Cotação:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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