Essa Pequena é Uma Parada (What’s Up, Doc? – 1972)
Dois pesquisadores chegam a São Francisco para um congresso e acabam se envolvendo em muitas trapalhadas.
Peter Bogdanovich é um diretor que sempre imprimiu em seus filmes sua digital de crítico de cinema, função que nasceu de sua paixão pela arte e pelos escritos de Truffaut. Após o sucesso do ótimo “A Última Sessão de Cinema”, ele decidiu homenagear as screwball comedies clássicas das décadas de trinta e quarenta, especialmente as incursões de Howard Hawks no gênero, com Ryan O’Neal buscando inspiração para seu personagem nos trejeitos de um dos grandes da comédia muda: Harold Lloyd.
O título original, referência ao bordão do Pernalonga, evidencia a terceira inspiração para a trama. Ao reinventar o formato com conhecimento pleno de suas engrenagens, atualizando apenas o contexto, ousando exatamente por se afastar da autocelebração exagerada de quem prestou atenção apenas na estética, equívoco cometido no moderno “Abaixo o Amor”, de 2003, o roteiro de Buck Henry, Robert Benton e David Newman encantou o público da época.
Gosto bastante da atuação de Barbra Streisand, neste que considero o seu melhor momento, ainda que ela sempre afirme que não aprecia o filme, possivelmente porque o diretor competente foi o primeiro que realmente dirigiu ela em cena e soube domar seu estrelismo.
Em dado momento, O’Neal brinca com sua participação em “Love Story”, dizendo que a frase famosa do filme (“Amar é nunca ter que pedir perdão”) era a maior bobagem que já havia escutado. Isto pode ter origem em um evento ocorrido na fase da pré-produção, quando Bogdanovich estava buscando um ator para o projeto e foi ver uma sessão do lacrimoso romance, uma experiência terrível que o fez rir do início ao fim, mas serviu para ele enxergar em O’Neal, alguém que nunca havia trabalhado em uma comédia, o tipo exato que ele procurava.
“Essa Pequena é Uma Parada” é uma pérola que merece ser redescoberta.
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