Sissi (1955)
A jovem Sissi (Romy Schneider) acompanha sua irmã (Uta Franz) mais velha durante a recepção ao jovem imperador austro-húngaro Franz Josef (Karlheinz Böhm), quando seria oficializado o noivado dos dois. Sem saber que Sissi é irmã de sua futura noiva, o imperador se apaixona por ela.
O filme favorito da minha saudosa avó materna, Haydê, um dos filmes mais comentados pela minha mãe durante a infância, “Sissi” foi um fenômeno de público à época, muito graças ao carisma encantador da belíssima Romy Schneider.
Eu tive o primeiro contato com a trilogia bem pequeno, ainda em VHS, fiquei apaixonado pela jovem alemã, ao ponto de comprar na banca de jornal, na saída da escola, um livro de bolso só por ter “Sissi” na capa, lembro até do título da história, “Amar é Viver”, só depois, folheando em casa, descobri que era uma coleção da Editora Nova Cultural, “Amores Eternos”, que não tinha relação alguma com os filmes, uma variação daqueles romances “Julia”, que vendiam como água no deserto.
O roteiro de Ernst Marischka exala uma ingenuidade emocionante, revisto nos terríveis dias atuais, parece o registro de uma civilização de outro planeta, a elegância, a inocência, a educação, você realmente não consegue desviar os olhos da tela.
A intenção obviamente não era o realismo histórico, Luchino Visconti entregaria isto em “Ludwig” (1973), em que Romy retornou ao papel, o recorte temporal do primeiro “Sissi” foca na adolescência da princesa Isabel (Elisabeth, em alemão) da Baviera, envernizando em cores fortes de contos de fadas, com extrema doçura, elemento facilitado pela intensa beleza das verdejantes locações, até o momento de glória de seu casamento.
A primeira aparição da personagem já estabelece sua força de espírito, a liberdade que será confrontada no futuro pelas limitações burocráticas e ritualísticas, enquanto seus irmãos comportados brincam no gramado, ela, em atitude de rebeldia que incomoda a mãe (Magda Schneider, mãe de Romy), irrompe em vermelho vibrante, montando uma égua selvagem, saltando obstáculos, levando alegria ao pai (Gustav Knuth), visivelmente admirado: “Que orgulho de menina.”
Ela sabe apreciar os simples prazeres da vida no campo, seu exemplo paterno a diverte contando as peripécias que afrontam as convenções aristocráticas, você consegue entender que Sissi jamais se adequaria ao sistema, muito pelo contrário, ela conseguiria, com sorriso no rosto, de dentro para fora, abalar as estruturas.
Um aspecto louvável na obra é a intensa preocupação com os detalhes, direção de arte, figurino (mérito de Gerdago, Gerda Iro, que era conhecida como a Edith Head austríaca), uma fotografia deslumbrante (mérito de Bruno Mandi), a produção consegue te fazer sentir numa fascinante máquina do tempo.
* Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.
Trilha sonora composta por Anton Profes:
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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