Beijos Que Matam (Kiss The Girls – 1997)
Um psicólogo forense (Morgan Freeman) de Washington viaja até a Carolina do Norte para investigar o aparente sequestro de sua sobrinha (Gina Ravera), que desapareceu do campus universitário em meio a outros sequestros similares. Ele está praticamente certo que as jovens vítimas estão vivas, pois quem está executando estes raptos é um “colecionador”. No entanto, ele não sabe se sua sobrinha está entre as possíveis vítimas, mas consegue ser ajudado por uma médica (Ashley Judd) que estava no cativeiro, conseguiu escapar e garante que várias jovens estão vivas, inclusive quem ele procura. O investigador decide então caçar o criminoso, que usa o pseudônimo de “Casanova”.
Cinema é, acima de tudo, entretenimento, desde a época em que era apenas uma atração de feira, desde a época dos nickelodeons, logo, fico sempre incomodado quando leio análises de colegas críticos afirmando em tom pejorativo que uma obra é “apenas” divertida.
Na época em que foi lançada, “Beijos Que Matam” recebeu vários ataques neste sentido, mas, como eu imaginava, hoje ela é vista com olhos mais carinhosos pela imprensa. Precisou a indústria norte-americana se infantilizar ao extremo para que as pessoas voltassem a valorizar roteiros em que adultos agem, pensam e falam como adultos.
O excelente thriller psicológico, adaptação do livro homônimo de James Patterson, é roteirizado por David Klass, craque no gênero, que entregaria no ano seguinte outra pérola que merece ser mais reverenciada, “Medidas Desesperadas”, desta feita, adaptada de seu próprio livro.
A imersão emocional do público é facilitada pela entrega impecável da dupla Ashley Judd e Morgan Freeman, carisma, talento e presença de cena transbordantes. Você não duvida nem por um segundo que estes dois, unidos pelo destino na missão, terão capacidade cognitiva e coragem suficientes, elementos que os antagonistas dominam, para o confronto.
A direção de Gary Fleder, que havia chamado a atenção anos antes com “Coisas para se Fazer em Denver Quando Você Está Morto”, entende que a ameaça é mais sombria do que aparenta na superfície, as nuances envolvidas são mais apavorantes do que qualquer cena violenta, logo, ele equilibra bem o ritmo, injetando adrenalina nos momentos necessários, sem anestesiar o espectador, para que ele siga raciocinando enquanto se choca com as revelações sobre o modus operandi do mal.
A fotografia de Aaron Schneider emula o apreço pela escuridão do mestre Gordon Willis, o horror que você não consegue enxergar é sempre mais impactante. A abordagem é similar em essência à tensão palpável de “Seven – Os Sete Crimes Capitais” (1995).
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