Expresso Para Bordeaux (Un Flic – 1972)
O ladrão Simon (Richard Crenna) planeja um arriscado roubo a um trem pagador, o que o colocará em rota de colisão com o amigo detetive Coleman (Alain Delon). E ambos estão apaixonados pela mesma mulher (Catherine Deneuve). Último filme do genial Melville, mestre supremo do polar (noir francês).
Ao contrário do filme policial padrão, que envolve a solução de um mistério, o noir é alicerçado na constatação de que só o caos pode reparar a desordem, o que vale é a jornada, nunca o destino. Há uma longa sequência no filme que corrobora esta definição, Melville dedica generosos vinte minutos à ação em tempo real dos bandidos em um ousado roubo no trem, com atenção em cada detalhe, até na preparação psicológica prévia, sem concessões mercadológicas, sem estetizar a violência, já que o plano é executado com extrema competência.
O uso inteligente do silêncio, focando nos olhares e pequenos gestos, demonstra a segurança autoral de um diretor que já não precisava provar nada a ninguém.
* Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.
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