O Arqueiro Verde (Der Grüne Bogenschütze – 1961)
A propriedade rural do empresário Abel Bellamy (Gert Fröbe) é assombrada pelo fantasma do Arqueiro Verde, uma espécie de Robin Hood do século 14 que aterrorizou os antigos senhores da mansão.
Se você é um estudioso muito apaixonado da história do cinema, provavelmente já sabe que o subgênero norte-americano slasher (ex: “Sexta-Feira 13”, “Halloween” e “Acampamento Sinistro”) bebeu diretamente da fonte dos gialli italianos (ex: “Uma Lagartixa Num Corpo de Mulher”, “Prelúdio Para Matar” e “O Pássaro das Plumas de Cristal”), mas, talvez você nunca tenha lido sobre o ciclo de filmes alemães que estabeleceu o estilo que seria adotado pelos italianos.
O krimi consiste, na maior parte das vezes, em adaptações de baixíssimo orçamento das obras do autor britânico Edgar Wallace, com alívios cômicos bem definidos (elemento fundamental no giallo) e visualmente engenhosas cenas de assassinatos cometidos por criminosos de luvas negras com instrumentos cortantes.
O cinema alemão, com o expressionismo na era silenciosa, praticamente criou a atmosfera de horror que seria copiada no mundo todo, mas a ascensão do nazismo teve um efeito devastador na arte durante a década de 30, os filmes de gênero foram substituídos por panfletos de propaganda do regime de Hitler, um estrago que a nação levou décadas para superar.
O primeiro sinal de vida inteligente veio somente em 1959, quando a empresa dinamarquesa Rialto Film se aliou à distribuidora alemã Constantin Film, lançando “A Máscara da Morte“, adaptação de “The Fellowship of the Frog”, publicada por Wallace em 1900, que já havia sido filmada na Inglaterra em 1937, “The Frog”, dirigida por Jack Raymond. O projeto foi um sucesso inesperado, possibilitando assim várias produções similares.
Não considero um dos melhores, o resultado é bastante irregular, algo compreensível, já que o conceito estava ainda se firmando, mas, como sugestão para você entender o potencial deste ciclo, destaco títulos como “Os Olhos Mortos de Londres” (Die Toten Augen von London – 1961), “O Estrangulador do Castelo Blackmoor” (Der Würger von Schloss Blackmoor – 1963), “Sala 13” (Zimmer 13 – 1964) e “O Vingador Misterioso” (Der Rächer – 1960), pérolas acima da média que seguem eficientes.
O meu favorito dos muitos que já vi deste ciclo (graças à internet, já que jamais foram lançados oficialmente em home video por aqui) é “O Arqueiro Verde“, de Jürgen Roland, que adapta o livro homônimo de Wallace, publicado em 1923. Um dos elementos positivos no filme é que seu roteiro já demonstra claramente uma abordagem mais autoconsciente, mais segura, das convenções do gênero, audaciosamente escolhendo iniciar com um personagem quebrando a quarta parede, recurso que se repete ao longo da trama.
Eu creio que gosto particularmente deste porque guardo boas lembranças do contato que tive com o livro na adolescência, na série Beretta, da coleção Crime e Castigo, da editora Ediouro, adquirida na banca de jornal que ficava do lado da escola. O fato de, sendo um estudioso da franquia 007 desde adolescente, ter um inspirado Fröbe no elenco, o eterno Goldfinger, também ajuda bastante neste favoritismo.
E, vale ressaltar, o filme conta também com a beldade Karin Dor, figurinha carimbada no ciclo, que também marcou presença na franquia do espião inglês, em “Com 007 Só Se Vive Duas Vezes”.
* Você encontra o filme garimpando na internet.
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