Séries

Crítica nostálgica da bela série “O Homem Que Veio do Céu” (1984-1989)

O Homem Que Veio do Céu (Highway to Heaven – 1984/1989)

Jonathan Smith (Michael Landon) é um anjo enviado para Terra com o objetivo de ajudar as pessoas. Em uma de suas primeiras missões, ele conhece o ex-policial Mark Gordon (Victor French), que decide ser seu fiel ajudante.

O mundo se transforma rapidamente em um insuportável inferno totalitário controlado pelo medo, com ditadores incubados se exibindo sem vergonha alguma, daqueles que estipulam a segregação, a criação de cidadãos de segunda classe, até aquelas pessoas ruins que a apoiam sorridentes, em suma, o mal avança perigosamente destruindo os alicerces da sociedade livre. É o momento perfeito para que você, pessoa de bom caráter e de princípios invergáveis, remando contra a corrente, reúna a sua família na frente da TV e valorize esta linda série que transmitia valores imprescindíveis em tramas verdadeiramente emocionantes.

O meu primeiro contato com a série foi na infância, exibida no horário nobre pelo SBT, lembro que, apesar de não entender totalmente o que via, a sensibilidade, a trilha sonora, tocavam meu coração, algumas cenas ficaram marcadas em minha mente, busquei anos depois em VHS, nunca encontrei, somente agora, graças à internet, tive a chance de ver todos os episódios das 5 temporadas.

O projeto foi idealizado de forma claramente apaixonada pelo próprio protagonista, Michael Landon, que muitos reconhecem de outras séries inesquecíveis, como “Bonanza” e “Os Pioneiros”. A ideia nasceu em sua mente no trânsito, quando, enquanto aguardava com seu carro no sinal vermelho, percebeu que todos buzinavam agressivamente. Ele refletiu que o mundo seria muito melhor se aquele mesmo esforço fosse direcionado para simples atitudes diárias de generosidade. A estrada da vida se tornaria muito mais tranquila.

O ator teve que enfrentar na época os executivos da NBC, que odiaram a essência cristã do projeto (a agenda “progressista” já dava seus primeiros passos na indústria), foi uma luta árdua para convencer os engravatados que o conceito seria financeiramente promissor. Landon até cogitou em algum momento, para evitar dor de cabeça, fazer do anjo um homem comum, mas ele utilizou como argumento nas reuniões que seria extremamente difícil fazer o público acreditar que um ser humano normal seria capaz de ser tão bondoso, prestativo com estranhos, sem qualquer segunda intenção, não seria crível. Inteligente, ele firmou o pé e reverteu o problema.

A recepção foi extremamente positiva, o público se apaixonou pela jornada do anjo, que, dependendo da missão, acabava se disfarçando em várias profissões, sempre visando proteger pessoas boas, minimizar o sofrimento, iluminar caminhos e encorajar aqueles que estavam desesperançados. Os roteiros podiam pecar em alguns episódios pelo excesso de sentimentalismo, mas eles eram inegavelmente sinceros, somente os indivíduos muito cínicos se incomodavam com a proposta.

Um dos segredos do sucesso, química que transparece, é a real amizade que havia nos bastidores entre Landon e o bonachão Victor French, clássica figura do gigante gentil, parceiros em várias produções, os dois se respeitavam profundamente e enxergavam a importância dos valores que estavam defendendo.

Landon, além de um carisma transbordante, também era reconhecido por seus colegas como um grande caráter, sempre atencioso com os fãs. Infelizmente, em seu momento mais difícil na vida, no início da década de 90, quando, com valorosa hombridade, declarou publicamente estar com um câncer de pâncreas, a imprensa sensacionalista da época tratou-o de forma desumana, degradante, cruel, com manchetes que já o davam como morto, algo que o ator, visivelmente abatido, mas com muito senso de humor, respondeu com extrema elegância em entrevista no talk show de Johnny Carson.

A série nunca foi lançada em DVD no Brasil, mas você encontra ela completa, com facilidade, no Youtube e na PLUTO.TV. Eu selecionei abaixo os 12 episódios mais bonitos para facilitar o seu garimpo cultural, histórias que sintetizam perfeitamente a bela mensagem da obra.

OS 12 MELHORES EPISÓDIOS:

O Encontro (Partes 1 e 2)

Jonathan Smith, um anjo, chega a um asilo para ajudar não apenas os ocupantes, mas também uma funcionária chamada Leslie Gordon. No entanto, o irmão de Leslie, Mark, um ex-policial cansado e amargo, suspeita de Jonathan.

Tocar a Lua

Um menino com doença terminal acolhe outro menino que está sempre em apuros com a lei, em um esforço para ajudar sua mãe e o menino problemático.

Regresso ao Lar

Deus manda Mark e Jonathan de volta à década de 1940 para dar a Mark uma segunda chance de dizer ao seu avô o quanto o amava.

TEMPORADA 2:

Canção para Jason (Partes 1 e 2)

Jonathan e Mark se tornam conselheiros em um acampamento de verão para crianças com câncer, para ajudar dois pacientes: um menino assustado com uma mãe superprotetora e um atleta adolescente furioso que pode perder a perna devido ao câncer ósseo.

O Sorriso na Terceira Fila

Jonathan fica tão cético quanto todo mundo quando o ator principal em uma peça da Broadway afirma que Deus está assistindo às apresentações do show, sentado em uma cadeira da orquestra na terceira fila.

Continue Sorrindo

Jonathan recebe uma das tarefas mais emocionantes que já teve, ajudar sua própria viúva a recuperar seu amor pela vida.

Fechar as Feridas

Jonathan e Mark ajudam uma cidade inteira a lembrar como um jovem soldado eliminado no Vietnã tocou suas vidas, quando as tentativas de seu pai de fazer um memorial para homenagear seu filho foram ignoradas.

TEMPORADA 3:

Wally

A missão de Jonathan e Mark é ajudar Wally, um adorável marionetista de rua, vivido por Dick Van Dyke, cujo carinho e bondade o tornaram, sem que ele soubesse, um anjo.

TEMPORADA 4:

Nós Temos a Eternidade (Partes 1 e 2)

Quando sua ex-esposa falece, Jonathan espera que ele seja dispensado de suas obrigações para se reunir com ela no Céu, mas “O Chefe” quer que ele fique na Terra. Quando Jonathan fica tão furioso que se recusa a obedecer, ele é destituído de seus poderes angelicais e transformado em mortal.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

View Comments

  • Também sou admirador do trabalho de Eugene Maurice Orowitz (Michael Landon). Suas séries sempre transmitiram os bons valores e a busca de um mundo melhor.

  • Eu adorava a série. Era como um bálsamo! Obrigada Caruso pela seleção de episódios. Vou maratonar no proximo fim de semana! 🙏

  • Me lembro deste seriado...
    Era um bálsamo.. pois me fazia viajar em meus pensamentos.. eu me sentia melhor qdo assistia... com certeza este seriado transformou muitas pessoas em pessoas melhores...

  • O Michael Landon quando produziu está maginifica série foi dirigido por Deus que mostrou pro mundo inteiro que ele tinha um coração bondoso e gentil e que durante toda sua carreira ele não deixou o estrelismo dominar o ser maravilhoso que ele era...

  • Eu tenho assistido esta série novamente, e há alguns temas tão atuais. Por que o ser humano comete os mesmos erros?

  • estou revendo tudo pela Pluto TV , app de smart TV, tão bom lembrar de bons valores na TV...Dá até uma calma assistir!

    • Assistia com minha bisavó na época que passou na tv aberta aqui no Brasil. Reencontrei está série agora em 2024. Ótimas e felizes lembranças! É uma série que nos traz paz.

  • Parabéns pela bela homenagem feita ao Michael Landon nesta publicação.

    Acompanhei a trajetória dele na TV, desde a série Bonanza, passando por A Little House in the Prairie (Os pioneiros) até esta Highway to Heaven (O homem que veio do céu). Todas eram repletas de mensagens positivas, humanas e tinham roteiros muitos bons com estórias lindas e emocionantes.

    Ele também, após o falecimento do pai da atriz Melissa Gilbert, ainda durante as filmagens dos primeiros capítulos do seriado, a "adotou" e patrocinou sua carreira artística. Mellissa fazia o papel de sua filha Laura Ingalls no seriado Os pioneiros" (Laura Ingalls Wilder foi a escritora em cujo livro se baseia o seriado).

    Tenho muita saudade desses tempos, quando ainda os bons valores e a ética eram os principais orientadores da educação que recebíamos em casa, e até de muitos dos professores nas escolas, a pesar de já termos a teologia da libertação (ou seria da libertinagem?) e a tolerância com muita coisa errada minando a cultura da nossa sociedade e aos poucos anestesiando as consciências e lavando os cérebros de muitos.

    Para quem quiser rever os capítulos, pode acessar na sua SmartTV o aplicativo dos canais da PlutoTV. Se tiver uma TV LG, nos canais dela também existe um canal específico do seriado "O homem que veio do céu" (IP-213), além de outro só com séries antigas, o Pluto TV Retrô (IP-301) e outros com filmes e séries diversas das décadas passadas.

    Novamente meus parabéns, Otávio e meu agradecimento pela matéria sobre o seriado.

    Um forte abraço a todos.

    • Grato demais pelo carinho com o meu trabalho, Eduardo. Espero sinceramente contar contigo sempre nas postagens. Abração!

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