A Vida Pública de Jesus (Jesus – 1979)
Com base no evangelho de São Lucas no novo testamento, a vida de Jesus de Nazaré (Brian Deacon), o filho de Deus criado por um carpinteiro judeu, é contada desde o seu milagroso nascimento virginal ao chamado de seus discípulos, milagres e ministério público, culminando na sua morte na cruz e a ressurreição no terceiro dia.
Um dos filmes mais vistos da história do cinema, traduzido para mais de 1000 idiomas, esta versão possui muitos admiradores, mas acabou sendo eclipsada por épicos como “Rei dos Reis” e “A Maior História de Todos os Tempos”.
O meu primeiro contato com a obra foi na época do VHS (formato em que revi para este texto), lembro de ter gostado da interpretação de Brian Deacon, mas a figura de Jesus estava muito gravada em minha mente na versão de Jeffrey Hunter, acabei associando mais ele à imagem descrita por J.J. Benítez em seu livro “Operação Cavalo de Tróia”, que devorei algumas vezes na infância.
Uma interpretação mais humana, calorosa, sem pesar a mão naquela distância reverente usual, inclusive nas pérolas já citadas, Deacon quebrou este molde, há cenas em que ele se mostra extremamente bem-humorado, até galhofeiro (como na sequência com o cobrador de impostos), tornando mais crível o desespero das figuras de autoridade do período com sua carismática presença, movimentando multidões, desafiando o poder que era construído pela administração constante do medo.
O roteiro, analisado friamente, não é narrativamente fluido como seus similares, os eventos são trabalhados de forma bastante didática, afinal, o foco do projeto era a fidelidade ao texto bíblico, mais do que alcançar qualquer senso estético/artístico, a missão clara é, como o bonito desfecho narrado evidencia ao convidar diretamente o espectador à oração de forma interativa, conquistar os corações, evangelizar, converter, algo que realiza com emocionante sinceridade.
Algumas opções acertadas injetam realismo, os cravos sendo martelados nos pulsos na sequência da crucificação, a ausência da mesa (liberdade criativa de Leonardo da Vinci) na última ceia com os apóstolos reclinados em almofadas no chão, detalhes que tornam esta produção algo realmente diferente do que se costumava fazer no tema.
O filme não implora por lágrimas, não manipula sua emoção, mérito inegável, ele se interessa apenas em transmitir os ensinamentos.
Trilha sonora composta por Luigi Patruno e Luciano Salvemini:
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