A Paixão de Cristo (The Passion of The Christ – 2004)
As últimas 12 horas da vida de Jesus de Nazaré (Jim Caviezel). No meio da noite, Jesus é traído por Judas (Luca Lionello) e é preso por soldados no Monte das Oliveiras, sob o comando de religiosos hebreus, que eram liderados por Caifás (Matti Sbraglia).
Eu lembro da polêmica midiática na época do lançamento do filme, lembro também de como a sessão na sala escura me impactou, Mel Gibson estava muito inspirado, a opção mercadologicamente arriscada de manter a obra toda falada em aramaico e latim injeta arrepiante realismo, torna a imersão emocional ainda mais forte, assim como a corajosa escolha por não aliviar nas cenas mais violentas, retratando minuciosamente os estágios da tortura.
O diretor explora cada naco de carne que é extirpado do corpo do protagonista em seu flagelo, forçando uma conexão empática nascida de uma profunda culpa, o propósito é claro, fazer o público sentir na alma o que Jesus sofreu, o altíssimo preço que ele pagou por ter defendido a verdade na terra dos cegos, e, mais que isto, incitar a reflexão sobre a necessidade de entender que silenciar nos momentos de crise é alimentar perigosamente o mal que a provocou.
O criminoso crucificado ao lado, Dimas, reconheceu em seu momento de profunda agonia que um homem totalmente inocente estava sendo sacrificado, mas o povo, a massa ignara, clamou por Barrabás, o filme mostra até como eles se divertiam com o seu sofrimento, da mesma forma que os alemães fingiam não ver o que ocorria nos campos de concentração, e, da mesma forma que, hoje, muitos aplaudem a grotesca segregação sanitária (exatamente como ocorreu com os judeus, que, na narrativa nazista, transmitiam doenças), a criação de cidadãos de segunda classe, impedidos de viver em sociedade, conscientes de que, se estes, que optaram por viver normalmente, “correndo todos os riscos”, estão vivos e esbanjando saúde desde o início, enquanto muitos que seguem fielmente as regras ditadas pela indústria farmacêutica e pela imprensa estão infartando e tendo seus membros amputados por trombose, inclusive jovens e crianças, há algo de muito errado, profundamente desumano, que precisa ser seriamente questionado.
E, não por coincidência, exatamente neste momento histórico, o esforço do mal no mundo é direcionado também à destruição do cristianismo, basta você estudar sobre o que está acontecendo na China neste sentido. A fé elimina o medo, elemento fundamental em qualquer regime totalitário. Se a intenção é diminuir drasticamente o tempo de vida das novas gerações, adoecendo as crianças desde cedo, veja como o sistema já vende o conceito de que “velhice é doença”, a única atitude de qualquer pessoa minimamente lúcida e inteligente é enfrentar, desobedecer, impedir que escravizem seus filhos na rotina do medo, da submissão irracional pela perda da individualidade. Analisando friamente, até mesmo os ateus entendem que a “substituição” planejada nesta engenharia social em escala global é monstruosa, um inferno orwelliano de controle supremo, curiosamente, a insuportável realidade que o povo chinês conhece muito bem.
A atuação de James Caviezel é apaixonada, transmite, principalmente nas sequências calorosas de interação entre mãe e filho, um carisma transbordante, o caráter humano que se perde em muitas obras tematicamente similares. O expressivo olhar dele, que se destaca no rosto extremamente castigado, na cena em que, após desabar com o peso da cruz, percebe a presença da mãe (Maia Morgenstern), opera o milagre de fazer com que o público desative a repulsa proposital pela brutalidade do que vê, reconectando-se imediatamente à pureza do amor materno, vertendo lágrimas pela mulher que, como o lindo flashback reforça, enxerga na dor lancinante do filho adulto a imagem da criança indefesa que outrora amparou em seus braços.
É simbolicamente bela a forma como ele, ao se levantar com dificuldade, abraça carinhosamente a cruz, fechando os olhos, entendendo que, por pior que seja aquele fim, ele JAMAIS aceitaria estar do lado daqueles que o humilhavam e o açoitavam.
O filme segue eficiente, até melhorou na revisão para este texto, uma experiência sensorial verdadeiramente transformadora.
Trilha sonora composta por John Debney:
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