Críticas

Dica do DTC – “Caravana de Bravos”, de John Ford

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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Caravana de Bravos (Wagon Master – 1950)

Dois jovens astutos guiam um grupo de mórmons que pretendem fundar uma nova colônia no Rio San Juan. Durante a intensa viagem, eles enfrentam desafios geográficos, dilemas morais, índios e bandidos que consideram a caravana um disfarce perfeito.

Clássico maravilhoso da época em que os homens não eram de geleia, o filme favorito do próprio diretor, mestre John Ford, dentre todos os tesouros que ele entregou em sua carreira, um exercício de brilhante simplicidade protagonizado por Ward Bond, Joanne Dru, Ben Johnson e Harry Carey Jr.

A força motriz do roteiro é, ao contrário de vários faroestes, reverenciar o esforço heroico do coletivo no cumprimento de uma missão, não apostar na dependência das ações transformadoras de um indivíduo, proposta que se reflete até mesmo na escalação do elenco, formado por nomes menos expressivos, veteranos em produções do diretor, sem medalhões. A curta e objetiva duração potencializa a mensagem, transmitida com leveza e encantador humor.

O espectador que buscar sequências grandiosas e empolgantes de ação vai se frustrar, o interesse está literalmente na jornada de fé, a estrutura narrativa é episódica, acompanhamos o grupo de mórmons, auxiliados pelos cowboys, enfrentando vários desafios, mas, o mais importante, aprendendo a conviver com as diferenças, quando outros grupos de rejeitados se juntam na peregrinação.

É uma visão poética da conquista do Oeste, trabalhada em óbvio tom alegórico, uma ode à coexistência harmoniosa que forja uma nação sólida.