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Dica do DTC – “Martírio do Silêncio”, de Alexander Mackendrick

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

Martírio do Silêncio (Mandy – 1952)

Eu gosto muito de “A Embriaguez do Sucesso” (1957), “Quinteto da Morte” (1955) e “O Homem do Terno Branco” (1951), mas nutro especial carinho por uma pérola do estúdio Ealing menos lembrada na carreira do grande diretor Alexander Mackendrick, o sensível “Martírio do Silêncio, abordando de forma pioneira a questão da surdez em uma criança, protagonizado por Jack Hawkins, Phyllis Calvert, Terence Morgan e a pequena Mandy Miller (vale ressaltar, que não era surda, uma entrega impecável), com roteiro de Nigel Balchin e Jack Whittingham, adaptando o livro “The Day is Ours”, de Hilda Lewis.

O filme inteligentemente não perde tempo, logo nos primeiros 8 minutos já estabelece o drama da família, na forma como o marido admira a beleza da mulher, Mackendrick reforça a paixão que move o jovem casal, elemento que será abalado logo em seguida, os pais percebem que a menina não reage aos estímulos sonoros, a primeira reação dos dois é de descrença, seguida pelo desespero, um atendimento médico alivia a dor garantindo que ela não sofre de qualquer problema mental, mas, infelizmente, não havia esperança, como a narração em off da mãe pontua com profundo pesar, a adorável Mandy jamais seria capaz de escutar.

Uma das cenas mais lindas, que sempre me comove, mostra o diretor da escola especial, vivido pelo sempre competente Jack Hawkins, ensinando à pequena através das vibrações o som de seu nome, com o auxílio de cubos com as letras, acompanhado de perto pela mãe emocionada. O momento evidencia o amor que nasceu em seu coração por aquele homem, os seus olhos marejados de gratidão ao encarar o dedicado profissional, afinal, graças aos esforços dele, o que ela considerava impossível aconteceu, a sua amada filha poderia ter uma chance de viver normalmente em sociedade.

O maravilhoso desfecho, que obviamente não irei revelar, simples, elegante, mas poderoso em sua simbologia, está entre os mais bonitos da década de 50.

  • Você encontra facilmente o filme garimpando na internet.
Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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