No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Guardas e Ladrões (Guardie e Ladri – 1951)
Para não ser expulso da polícia, o sargento da polícia Bottoni (Aldo Fabrizi), perto da aposentadoria, deve prender, no máximo dentro de 3 meses, Esposito (Totò), um trapaceiro que deixou escapar. Depois de muitas idas e vindas, os dois se tornam amigos, descobrindo que têm muito em comum.
Quando criança, visitando frequentemente as locadoras de vídeo, não era difícil encontrar adultos conversando sobre os filmes enquanto pegavam os estojos das prateleiras de VHS. Eu lembro que foi numa destas situações que escutei pela primeira vez o nome do comediante italiano Totò (Antonio de Curtis). O seu rosto irregular com mandíbula acentuada, resultado de um acidente na escola, combinava com seu estilo de humor irreverente, surrealista, pleno em improvisação, mas ele também se mostrava competente em dramalhões.
Hoje em dia, infelizmente esquecido, foi um dos medalhões mais queridos pelo público, marcou presença em pérolas como “Os Eternos Desconhecidos” (1958), “Gaviões e Passarinhos” (1966), “Totó e Cleópatra” (1963), “A Quadrilha dos Honestos” (1956), “Totó Contra Maciste” (1962), “Onde Está a Liberdade?” (1954), “Totó – O Boa Vida” (1960), “Totó e as Mulheres” (1952), “Os Quebra-Galhos” (1959) e, aquele que considero um de seus momentos mais inspirados, “Guardas e Ladrões”, brilhante parceria entre Steno e o mestre Mario Monicelli, com roteiro de Vitaliano Brancati e Piero Tellini, inspirado em uma ideia original de Fellini, que conta com a fotografia do grande Mario Bava.
Os últimos 10 minutos entregam reviravoltas surpreendentemente dramáticas, mas elas só funcionam porque há excelência na execução cômica desde o início. Totò vive um vigarista que aplica golpes em estrangeiros que visitam o Fórum Romano. Ele consegue fugir de um obstinado policial, que, pressionado por seus superiores, inicia uma hilária caçada que, para a surpresa dos dois, tomará rumos menos hostis.
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