No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Têmpera de Aço (The Way Ahead – 1944)
Um batalhão desorganizado de civis alistados são treinados duramente pelos sargentos Jim Perry (David Niven) e Ned Fletcher (William Hartnell) quando são chamados para substituir um pelotão de infantaria que sofreu baixas em Dunquerque.
Esta pérola do meticuloso diretor Carol Reed chegou a ser exibida por muitos anos no treinamento de oficiais do exército britânico, creio que Stanley Kubrick homenageou sua estrutura de roteiro no clássico “Nascido Para Matar”, enfatizando bem os dois momentos, o treinamento e a prática da guerra.
O filme conta com a presença sempre competente de David Niven, momento inspirado deste que foi um dos mais respeitados atores de sua geração, ele viria a servir como oficial na unidade de comando do exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, tendo chegado a participar da invasão aliada da Normandia em junho de 1944. Uma curiosidade para fãs da franquia 007, como eu, Ian Fleming escreveu James Bond pensando no ator, quando o personagem iniciou sua carreira cinematográfica, ele, obviamente, foi a primeira escolha do autor, mas o destino quis que Sean Connery entrasse na competição.
Produzido durante a guerra, roteirizado por Eric Ambler e Peter Ustinov, a proposta de “Têmpera de Aço” era reforçar o moral dos civis nas salas de cinema, fazer com que entendessem que os dias sombrios da guerra haviam acabado e que o triunfo despontava no horizonte, com o seu desfecho sinalizando “O Início”, ao invés do tradicional “The End”, fazendo direta referência ao discurso de Winston Churchill sobre a grande vitória em El Alamein: “Isto não é o fim; não é nem o começo do fim; mas, talvez, seja o fim do começo.”
Um dos méritos da obra, quando comparada aos esforços similares do gênero no período, foi não retratar os soldados como caricaturas descartáveis, o público enxerga claramente na trama um grupo de jovens comuns, inicialmente despreparados, que, ao longo do treinamento intensamente realista, aprendem a trabalhar em equipe, transformados em corajosos combatentes.
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