Artigo

Uma análise crítica sobre o Oscar 2022?

Eu tenho certeza que você clicou no link para ler a análise de um crítico de cinema sobre o Oscar 2022. E se eu te afirmar que este é o segundo ano em que eu NEM ASSISTI ao vivo?

O motivo? Eu amo demais esta arte, levo muito a sério o meu trabalho, infelizmente, a premiação, que já vinha capengando há décadas, acabou se tornando nos últimos anos uma patifaria movida descaradamente por lobby e politicagem. O charme que ainda se mantinha na década de 90, quando eu acompanhava na infância, foi brutalmente extirpado, a celebração respeitosa e elegante da memória cultural foi substituída por uma tentativa clara de subverter os valores, atear fogo no passado, sem exagero, nos últimos 3 anos parece até autossabotagem, trabalho interno de destruição dos alicerces.

Quando acordei hoje, a internet fervia com matérias abordando o único ponto que se destacou na festa da noite anterior, a patética agressão no palco envolvendo Will Smith e Chris Rock. A discussão nas redes é se foi algo real ou encenado. O fato é que não importa, que bobagem, entretenimento de baixíssimo nível, uma ofensa aos medalhões da classe artística, em todos os setores, na frente e atrás das câmeras, que ajudaram a construir a indústria. Se esta situação grotesca foi o que movimentou as redes, já é a constatação de algo que eu venho defendendo praticamente desde o meu início profissional, em 2008, o Oscar, enquanto parâmetro de qualidade, se tornou algo irrelevante.

Você acha que um analista de música, estudioso e apaixonado, vai levar a sério o Prêmio Multishow de Música Brasileira? O Oscar chegou neste ponto, pouco se salva, apenas a presença das grandes estrelas do passado na plateia, a terna lembrança de tempos melhores, época em que o que importava no evento era o reconhecimento da qualidade artística.

Uma última observação, eu vi que o “Melhor Filme” da noite foi a refilmagem “No Ritmo do Coração”, aproveito o ensejo para indicar o superior original francês, “A Família Bélier“, de Éric Lartigau, que, dado curioso, quando foi lançado em 2014, não foi nem indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro. Bizarro, né?

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

Recent Posts

Crítica de “O Brutalista”, de Brady Corbet

O Brutalista (The Brutalist - 2024) Arquiteto (Adrien Brody) visionário foge da Europa pós-Segunda Guerra…

1 dia ago

Dica do DTC – “Nazareno Cruz e o Lobo”, de Leonardo Favio

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não…

3 dias ago

Os MELHORES episódios da fascinante série “BABYLON 5”

Babylon 5 (1993-1998) Em meados do século 23, a estação espacial Babylon 5 da Aliança…

4 dias ago

Os 7 MELHORES filmes na carreira do diretor britânico JOHN SCHLESINGER

O conjunto de obra do saudoso diretor britânico John Schlesinger é impressionante, mas selecionei 7…

5 dias ago

PÉROLAS que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

1 semana ago

Crítica de “A Garota da Agulha”, de Magnus von Horn, na MUBI

A Garota da Agulha (Pigen Med Nålen - 2024) Uma jovem (Vic Carmen Sonne) grávida…

1 semana ago