Críticas

Crítica de “Pequena Mamãe”, de Céline Sciamma, na HBO MAX

Pequena Mamãe (Petite Maman – 2021)

Nelly (Joséphine Sanz), de oito anos, acaba de perder sua amada avó e está ajudando seus pais a limpar a casa de sua mãe. Ela explora a casa e a floresta circundante onde sua mãe, Marion, costumava brincar e onde ela construiu a casa da árvore sobre a qual Nelly tanto ouviu falar. Um dia sua mãe vai embora de repente. É quando Nelly conhece uma garota da sua idade na floresta, construindo uma casa na árvore. O nome dela é Marion (Gabrielle Sanz).

A roteirista/diretora francesa Céline Sciamma foi muito aplaudida pela imprensa mundial por seu esforço anterior, “Retrato de Uma Jovem em Chamas” (2019), mas enxerguei nele mais estilo que conteúdo, apesar de competente, faltava algo, ela já havia feito melhor, “Tomboy” (2011) e seu primeiro trabalho, “Lírios D’água” (2007), despretensiosos, entregavam mais, e, novamente, com seu sensível novo trabalho, “Pequena Mamãe”, com apenas 70 minutos de duração, o mais singelo e eficiente, ela consegue se superar.

O triste é que, sendo lançada no Brasil na mesma semana que a bobagem “The Batman” (e afirmo isto como alguém que cresceu lendo as aventuras do herói), esta pérola provavelmente passará despercebida.

A engenhosa proposta de utilizar uma fábula sobre viagem no tempo, com toques de Hayao Miyazaki na forma como transmite o olhar ingênuo diante do elemento fantástico, como veículo para abordar a beleza do laço de amor entre mãe e filha, enfatizada na entrega naturalista das crianças (irmãs gêmeas na vida real), encanta em sua execução minimalista, o roteiro não precisa fingir ser importante ou grandioso, ele, em sua alegoria, simplesmente viabiliza cenas lindas como aquela em que a versão infantil de Marion tranquiliza Nelly, afirmando que ela não é responsável pela profunda tristeza de sua mãe.

O impacto emocional de vários momentos, aparentemente comuns, revela-se mais forte horas após a sessão, quando sua mente passa a processar as informações.

Um filme emocionalmente maduro, inteligente, sofisticado, com um desfecho que te fará sorrir enquanto as lágrimas molham seus lábios.

Cotação:

  • A obra acaba de estrear nas salas de cinema, mas, caso a sua esteja exigindo, não avalize a grotesca segregação pelo “passaporte sanitário”, você já encontra gratuitamente o filme com extrema facilidade na internet. No jogo da vida, escolha sempre ser o judeu, nunca o nazista.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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