Críticas

Dica do DTC – “O Príncipe Encantado”, de Richard Thorpe

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

O Príncipe Encantado (A Date With Judy – 1948)

Judy Foster (Jane Powell) e a sua melhor amiga Carol Pringle (Elizabeth Taylor) se preparam para o baile da escola. As suas vidas iam muito bem até o charmoso Stephen Andrews (Robert Stack) aparecer e balançar o coração das duas, que são bem mais jovens que ele. Enquanto isso, quando o pai (Wallace Beery) de Judy começa a ter lições de dança com a professora Rosita (Carmen Miranda), ela acha que ele está traindo a esposa e passa a desconfiar dos homens.

Eu tive o prazer de rever esta pérola em exibição recente na Rede Brasil, única emissora que apresenta algo culturalmente relevante no mar de lama que se tornou a TV aberta no Brasil, fiquei impressionado ao constatar como ela segue eficiente, encantadora, em charmoso Technicolor, um verdadeiro tesouro pouco lembrado da época áurea dos musicais hollywoodianos.

O tom da obra é de puro divertimento, eleva o espírito até do indivíduo mais cínico. Como não gargalhar na sequência em que uma espevitada Carmen Miranda tenta ensinar Rumba para um desajeitado Wallace Beery? As canções também são deliciosas, destaco “Cuanto Le Gusta“, composta por Ray Gilbert e Gabriel Ruiz, citada pela própria Carmen como sua favorita, e “It’s a Most Unusual Day“, composta por Jimmy McHugh e Harold Adamson, defendida pela belíssima Jane Powell e sua apaixonante voz de soprano. Vale destacar no elenco, participação mais que especial, a presença do bandleader Xavier Cugat.

A trama, roteirizada por Dorothy Cooper e Dorothy Kingsley, adapta o bem-sucedido programa de rádio homônimo, “A Date With Judy”, direcionado ao público adolescente, que havia estreado em 1941 e terminaria dois anos após o lançamento do filme, um produto que transcendeu seu veículo original, ganhou até revistas em quadrinhos, um fenômeno que o público imediatista de hoje, que consome vorazmente o formato dos podcasts, nada mais, nada menos, que uma reinvenção simplista do rádio, provavelmente desprezaria como sendo algo obsoleto.

  • Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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