Tóquio Violenta (Tokyo Nagaremono – 1966)
Braço direito da Yakuza resolve abandonar a carreira criminosa com seu chefe, mas uma gangue rival não deixará que isto aconteça.
No filme “Tóquio Violenta”, você percebe claramente que Suzuki obedecia regras próprias, uma espécie de Monte Hellman do cinema japonês. Ele transforma uma história simples de yakuza, subvertida em tom óbvio de paródia do gênero, em uma profusão de ideias muito criativas, buscando inspiração até mesmo nos faroestes de John Ford, reservando espaço para uma crítica ácida sobre um povo que absorvia gradativamente a cultura norte-americana, em detrimento de seus próprios valores.
Na experiência de imersão ele provoca o incômodo imediato, sequências de musical inseridas numa trama policial, a abertura monocromática que conduz ao vermelho sangue de um revólver quebrado de brinquedo, os interiores de um abstrato quase inacreditável em seu minimalismo, um tiroteio que é coreografado como teatro kabuki, o uso extravagante de cores berrantes, não são poucas as cenas que farão você provavelmente querer pausar e rever.
O todo não interessa ao Suzuki, o fiapo de estrutura narrativa serve de trampolim para ele brincar com a ferramenta, a psicologia dos personagens e suas motivações, nada disto importa, o destino sempre é menos interessante que a jornada.
Recomendo que seja assistido em sessão dupla com o moderno “Drive”, de Nicolas Winding Refn, que bebeu demais desta fonte.
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