Críticas

“Luta Pela Fé – A História do Padre Stu”, de Rosalind Ross, na AMAZON PRIME

Luta Pela Fé – A História do Padre Stu (Father Stu – 2022)

Baseado em uma história real, o roteiro aborda a vida de um boxeador que virou padre. Quando uma lesão encerra sua carreira no boxe, Stuart Long (Mark Wahlberg) se muda para Los Angeles sonhando em se transformar em estrela de cinema. Enquanto trabalha como balconista de supermercado, ele conhece Carmen (Teresa Ruiz), uma professora católica. Determinado a conquistá-la, o agnóstico de longa data começa a ir à igreja para impressioná-la. Mas sobreviver a um terrível acidente de motocicleta o deixa imaginando se ele pode usar sua segunda chance para ajudar os outros a encontrar o caminho, levando à surpreendente percepção de que ele deveria ser um padre católico, algo que choca todos, inclusive seu amargurado pai (Mel Gibson).

O sistema vai se empenhar em ignorar este corajoso projeto, uma anomalia na indústria atual, a cinebiografia de um padre católico, principalmente considerando os nomes envolvidos na produção, Mel Gibson e Mark Wahlberg, “cancelados” em Hollywood por defenderem abertamente o cristianismo.

Todo cinéfilo dedicado e que respeita a arte, remando contra a maré, deve prestigiar este esforço louvável. O fato do filme estar lotando sessões no mundo, sem uma azeitada máquina de divulgação e, principalmente, sendo apedrejado pela imprensa “progressista”, já é uma resposta importante que traz esperança.

Analisando com frieza, a execução da obra é problemática, a direção da jovem estreante Rosalind Ross, que também assina o roteiro, namorada de Gibson, não transmite a segurança técnica/criativa que a trama merece.

O ritmo é irregular, o segundo ato é especialmente arrastado, algumas escolhas narrativas pecam por “pregar apenas para os convertidos”, opção que infelizmente reduz o potencial universal da impressionante história que conta, mas estes pontos negativos não prejudicam demais a experiência, a imersão emocional do público é garantida pela entrega impressionante de Wahlberg nas várias fases do personagem, um papel que perceptivelmente fala diretamente ao coração do ator, que também produz o longa.

O desfecho resgata o espectador, ele é trabalhado com emoção genuína, brutal honestidade, algo tão surpreendente quanto a transformação física do protagonista, elemento que compensa também as falhas estruturais de roteiro, como subtramas desnecessárias e a ausência de profundidade na construção dos motivos dos personagens secundários, uma trava que impede que se tornem plenamente críveis.

O resultado, apesar de falho em alguns aspectos, cumpre com competência sua missão principal, verdadeiramente toca o público, as lágrimas brotam naturalmente nos créditos finais, o filme gera interesse em conhecer mais sobre o homenageado, alimenta a fé nos religiosos e faz valer também o ingresso dos agnósticos e ateus, já que a história é realmente fantástica.

Cotação:

  • A obra acaba de estrear nas salas de cinema, mas, caso a sua ainda esteja exigindo, não avalize a grotesca segregação pelo “passaporte sanitário”, você já encontra gratuitamente o filme com extrema facilidade na internet. No jogo da vida, escolha sempre ser o judeu, nunca o nazista.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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