Críticas

Dica do DTC – “Titio Não é Sopa”, com PROCÓPIO FERREIRA

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

Titio Não é Sopa (1959)

O milionário Gregório (Procópio Ferreira) vai ao Rio de Janeiro com a filha (Eliana Macedo) para fiscalizar as obras de um asilo, cuja construção patrocinava. Na cidade, descobre que o sobrinho (Herval Rossano) desviava o dinheiro para aplicá-lo na instalação de uma boate.

Comédia da Cinedistri que merece ser redescoberta, dirigida por Euripides Ramos, roteirizada por Victor Lima, baseada na peça “Aí Vem a Aurora”, de Henrique Marques Fernandes, fortalecida pela presença do grande Procópio Ferreira, a adorável Eliana Macedo e o sempre competente Herval Rossano.

O momento era excelente para o cinema brasileiro, abraçado carinhosamente pelo povo nas salas, com tramas leves, divertidas, que sabiam inserir críticas sociais sem prejudicar o elemento fundamental do entretenimento nos roteiros. Se o Cinema Novo, com seus umbilicais antídotos para insônia, não tivesse destruído anos depois este legado, provavelmente haveria uma indústria autossustentável (um dos sonhos do saudoso Mazzaropi) no país hoje.

Um dos pontos positivos é que ele pega um conceito batido nas histórias farsescas e inteligentemente subverte, fazendo com que o tio enganado descubra o plano e entre no jogo, buscando desmascarar o sobrinho com seu disfarce, terreno fértil para o talento de Procópio Ferreira brilhar em cenas que seguem eficientes.

Vale destacar também a maravilhosa sequência musical, defendida por Eliana, uma versão jazzística, com toques de twist, da marchinha de Carnaval “Mamãe eu Quero” (de Jararaca e Vicente Paiva), arranjo de Paiva e José Calazans, com orquestração do maestro Pachequinho.

A simbologia sensual é latente na elaborada cena, que se fizesse parte de qualquer musical hollywoodiano, sem exagero, seria lembrada hoje como genial.

  • Você encontra facilmente o filme garimpando na internet.
Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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