Críticas

Dica do DTC – “A Madona de Cedro”, de Carlos Coimbra

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

A Madona de Cedro (1968)

Delfino (Leonardo Villar), pacato morador do interior de Minas Gerais, é convencido por um amigo (Anselmo Duarte) a associar-se a uma quadrilha e roubar a imagem da Madona de Cedro, esculpida por Aleijadinho em 1787.

Pérola policial do cinema brasileiro, dirigida por Carlos Coimbra, adaptação do livro homônimo de Antônio Callado, com produção elegante de Oswaldo Massaini, que, evitando correr riscos, apostou novamente na dupla que havia sido recentemente consagrada com a Palma de Ouro, por “O Pagador de Promessas”, Anselmo Duarte e Leonardo Villar. E, buscando uma assinatura autoral firme que exalasse credibilidade em sua linguagem narrativa clássica, não pensou duas vezes, escalou para a direção o sempre competente Carlos Coimbra.

O elenco é um elemento forte na equação do projeto, conta com nomes como Zbigniew Ziembinski, Cleyde Yáconis, Sérgio Cardoso, Jofre Soares e Leila Diniz. A ótima trilha sonora foi composta pelo maestro Gabriel Migliori. A riqueza técnica contrastava bastante com as outras produções brasileiras da época, sinalizava possibilidades artísticas incríveis para a nossa indústria que, infelizmente, graças ao boicote da imprensa e a inveja dos realizadores dos antídotos para insônia do “Cinema Novo”, jamais seriam exploradas.

O ótimo desfecho, pleno em simbologia, evoca obviamente “O Pagador de Promessas”, com a trilha de Migliori homenageando a contribuição inestimável do mestre Miklós Rózsa aos épicos religiosos hollywoodianos, enquanto testemunhamos o calvário teatralizado protagonizado pelo atormentado personagem de Villar, internamente exaurido pela crise de consciência.

  • Você encontra o filme facilmente garimpando na internet.
Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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