No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Oscar – Minha Filha Quer Casar (Oscar – 1991)
As boas intenções de um mafioso (Sylvester Stallone) em manter-se na linha podem ser arruinadas por problemas domésticos, a vida amorosa de sua filha (Marisa Tomei) e sacos de dinheiro.
O conceito brilhante da peça original de Claude Magnier já havia sido adaptado em telefilmes obscuros e um longa dinamarquês, de 1962, mas quando caiu nas mãos competentes do diretor francês Édouard Molinaro, auxiliado pelo talento do inesquecível Louis de Funès, encontrou o equilíbrio perfeito entre a linguagem teatral e a cinematográfica, “Coisas da Vida”, de 1967, segue eficiente, uma obra-prima irretocável.
A refilmagem norte-americana, dirigida por John Landis, apesar de contar com um elenco de peso, incluindo Kirk Douglas, Don Ameche, Tim Curry, Marisa Tomei, Ornella Muti, Yvonne De Carlo, Kurtwood Smith, William Atherton e Chazz Palminteri, além de, claro, Sylvester Stallone, em seu primeiro papel 100% cômico (“Rhinestone – Um Brilho na Noite” e “Tango e Cash – Os Vingadores” são engraçados, mas não considero símbolos do gênero), não foi muito elogiada em sua estreia, lembro que as conversas nas locadoras de vídeo ressaltavam que a trama era frenética demais.
Eu, uma criança apaixonada por filmes e que lia vorazmente as revistas “Cinemin”, “SET” e “Vídeo News”, não entendia aquela reação negativa, considerei que o problema no caso estava nos receptores, acostumados às narrativas simplórias e previsíveis das telenovelas brasileiras. Hoje, revendo esta pérola após muitos anos para a preparação deste texto, gostei ainda mais do resultado.
Como eu não conhecia na época o original francês, achei o roteiro genial, mas, eliminando o fato de ser uma refilmagem obviamente inferior, ainda há elementos nela que merecem ser aplaudidos. E, ponto positivo, a maravilhosa versão brasileira, pela Herbert Richers, consegue melhorar tudo, com as vozes de Luiz Feier Motta, Marisa Leal, Orlando Drummond e Márcio Seixas, entre outros.
A mão segura de Landis, a reconstituição dos anos 30, como foram eternizados nos filmes clássicos de mafiosos, a entrega do elenco, todos com excelente timing, o carisma de Stallone, inteligentemente se debruçando nos exageros, abraçando a caricatura, e, acima de tudo, o ritmo ágil, intenso.
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