Críticas

Dica do DTC – “Prova de Fogo”, de Marco Altberg

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

Prova de Fogo (1980)

Bancário (Pedro Paulo Rangel) luta para terminar um curso universitário e estabelecer-se como profissional. Estranhamente, sente perturbações desde menino. Nenhum médico consegue resolver seu caso. Ao consultar uma mãe-de-santo, esta confirma sua alta mediunidade. Ele larga o emprego estável para aprofundar-se no exercício de sua mediunidade e acaba se tornando um pai-de-santo.

Pedro Paulo Rangel marcou presença por décadas em telenovelas, mas seu papel mais desafiador foi no cinema, dirigido por Marco Altberg, uma pérola pouco lembrada com trilha sonora de Edu Lobo. O tema pode afastar boa parte do público, mas é louvável a forma como a umbanda é tratada, sem preconceito, a obra neste ponto é perfeita enquanto material de estudo.

Eu me recordo de ter conhecido na pré-adolescência, uma exibição televisiva noturna, provavelmente na Manchete, e, não vou mentir, o foco da minha atenção levava o nome de Maitê Proença, quando a jovem aparecia em cena, nada mais importava, ela estava deslumbrante. O contexto era exótico, para dizer o mínimo, mas lembro que gostei da experiência.

Hoje, revendo para este texto, enxerguei muitos problemas na montagem, principalmente no primeiro ato, além da usual falta de equilíbrio na atuação do elenco, prejudicando a imersão em vários momentos. O roteiro, que conta com a assinatura de Aguinaldo Silva, poderia ser melhor lapidado, os diálogos comprometem algumas cenas importantes. E, vale destacar, a beleza da Maitê segue hipnotizante.

Analisando friamente, o elemento que realmente eleva a qualidade do todo é a entrega corajosamente visceral de Pedro Paulo Rangel, apesar da direção irregular de Altberg, que vai da insegura introversão à extroversão plena durante as cerimônias no terreiro.