Metrópolis (Metropolis – 1927)
Metrópolis, ano 2026. A cidade se divide rigidamente entre os poderosos no plano superior e os operários, em regime de escravidão, vivendo num local subterrâneo com suas famílias. Tudo é governado por Joh Fredersen (Alfred Abel), um homem insensível, cujo único filho, Freder (Gustav Fröhlich), leva uma vida idílica, desfrutando de suas riquezas. Mas tudo muda quando o jovem conhece Maria (Brigitte Helm), a líder espiritual dos operários, e se apaixona perdidamente.
Fritz Lang intencionava criticar a mecanização da vida industrial nos grandes centros urbanos e salientar a importância do sentimento humano que se perde neste processo.
Na cidade de Metrópolis, os trabalhadores são escravizados pelas máquinas e vivem em galerias subterrâneas, enquanto seus patrões vivem como deuses e governam a metrópole. Tudo isso parece mudar, quando do meio do povo miserável nasce uma messiânica libertadora que traz promessas de salvação.
Ao final, a intenção do diretor fica clara com a utópica cena do aperto de mão entre o líder dos trabalhadores e o governante, com o seguinte dizer: “O mediador entre a mente e as mãos deve ser o coração.”
No filme, o Expressionismo irá se manifestar especialmente no nível da manipulação de multidões e caracterização de seus personagens. Como os trabalhadores da cidade, que são apresentados marchando em fila, num passo cadenciado e onírico, sempre de cabeças baixas, aparentemente sem identidade individual, como que privados de personalidade. É incrível pensar que o diretor conseguiu, ainda na época do cinema mudo, transportar os espectadores para sua própria visão do mundo no futuro.
Em sua temática, foi precursor de “Tempos Modernos” de Chaplin, porém, as suas ideias visionárias profetizaram diversas realidades do mundo atual, como as chamadas em vídeo. Assim como uma pedra, que atirada num rio provoca pequenas ondas, podemos perceber sua influência em obras como “Blade Runner”, “Matrix”, “Star Wars”, “Dr. Fantástico”, “Alphaville”, até mesmo em “Senhor dos Anéis”, em que o diretor Peter Jackson utilizou o mesmo truque visual que Lang, para ampliar edifícios e diminuir pessoas, ao encolher os hobbits em sua trilogia épica.
Se você possui preconceitos com relação ao cinema silencioso, e, por incrível que pareça, existem pessoas que desprezam até projetos em preto e branco, esta é a obra indicada para que suas ideias equivocadas caiam por terra. Eu gosto especialmente da forma como o diretor evita o uso excessivo de intertítulos, confiando plenamente no poder das imagens.
Impossível resistir ao brilhantismo do diretor em sua mais bela e eficiente metáfora visual.
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