Críticas

Dica do DTC – “Jesus – A História do Nascimento”, de Catherine Hardwicke

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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Jesus – A História do Nascimento (The Nativity Story – 2006)

Maria (Keisha Castle-Hughes) é uma jovem camponesa que mora na cidade de Nazaré e que recebe a visita do anjo Gabriel (Alexander Siddig), o qual anuncia que Deus a escolheu para ser mãe de seu filho. Casada com o carpinteiro José (Oscar Isaac), Maria segue os conselhos do anjo e viaja para Belém para escapar dos guardas do rei Herodes (Ciarán Hinds). Eles enfrentam o risco de serem descobertos e ainda são procurados pelos três Reis Magos (Stefan Kalipha, Eriq Ebouaney e Nadim Sawalha), que buscam nos céus indícios do local de nascimento de Jesus Cristo.

O sistema, em sua sanha pelo controle social orwelliano total, está se esforçando ao máximo no mundo para reduzir drasticamente a população e aniquilar o cristianismo, retirando a trava moral em seu processo de bestialização da massa, logo, o único caminho lúcido é remar contra a corrente, relembrando nesta época do ano o real significado do Natal: o nascimento de Jesus Cristo.

O cinema já trabalhou o tema muitas vezes, mas destaco a elegância desta pérola na carreira da diretora Catherine Hardwicke.

O roteirista Mike Rich, responsável por “Encontrando Forrester” (2000) e “Meu Nome é Radio” (2003), acerta ao optar pelo recorte temporal, focando a trama nos acontecimentos em torno do nascimento de Jesus, possibilitando melhor desenvolvimento psicológico aos personagens, usualmente retratados como caricaturas nos épicos bíblicos de outrora.

Vale ressaltar a respeitosa fidelidade aos textos sagrados, assim como a atenção aos detalhes na direção de arte, figurinos, autenticidade que evidencia uma generosa pesquisa. A emoção é potencializada pela linda trilha sonora composta por Mychael Danna.

O filme explora com inteligência lacunas da história, a fé de Maria sendo testada, a reação de José com a gravidez da jovem, pontos sensorialmente elevados pela entrega sincera do elenco.

Há reverência no tom da obra, mas não é exagerada, até mesmo os agnósticos podem ser tocados pelo leitmotiv da beleza da humildade.