Quando criança, sentado no chão como uma ilha no oceano de revistas de cinema, ficava fascinado com qualquer matéria que encontrasse sobre o francês Georges Méliès, a clássica imagem do foguete ferindo o olho da lua representava a magia daquela arte, mas, infelizmente, na era pré-internet, pré-Youtube, você simplesmente não encontrava nada em VHS sobre este pioneiro realizador.
O único contato que eu tive na época foi através do segmento inicial de “A Volta ao Mundo em 80 Dias” (1956), de Michael Anderson, que era exibido com frequência na “Sessão da Tarde”, em que o jornalista Edward R. Murrow apresenta “Viagem à Lua”. Vários anos depois, na década de 90, no auge da TV a cabo, finalmente pude apreciar outros curtas do mestre no canal Telecine 5, inseridos no documentário “Uma Sessão Méliès”, que chegou a ser lançado muito tempo depois em DVD. Hoje tenho na coleção todos os seus filmes que sobreviveram em altíssima qualidade, e, que coisa boa, eles seguem me fascinando cada vez mais.
No meu início como profissional da crítica de cinema, preparei alguns textos, “Sábio Silêncio”, em que viajava no tempo e imaginava um encontro real com vários ídolos da era silenciosa, dentre eles, o grande Méliès, mas a recepção não foi boa, poucos acessos, foi quando eu descobri com tristeza que o público brasileiro não compartilhava do meu prazer pelo garimpo cultural, pelo menos, não na mesma intensidade.
Quando Martin Scorsese, anos depois, lançou o bonito “A Invenção de Hugo Cabret” (2011), homenageando o legado do mágico francês, a massa “descobriu” calorosamente o trabalho dele, logo, resgatei aqueles meus queridos textos no meu primeiro livro, “Devo Tudo ao Cinema” (2013).
Francis Ford Coppola sempre bate na tecla de que o cinema e o mundo do ilusionismo sempre foram ligados, muitos dos pioneiros nesta arte eram mágicos, como Méliès, que aprendeu a utilizar os cortes de câmera como ferramentas para transpor seus truques para aquele novo formato.
O seu empenho era alimentado pela genuína paixão em deslumbrar estranhos, sem a consciência da importância tremenda do que fazia, ele criou os storyboards, pintou a mão cada fotograma, foi o responsável pela primeira exposição múltipla na tela, brincou na edição com os recursos da tela dividida e da dissolução, em suma, ele praticamente inventou o processo de se produzir um filme.
Ele enxergou as ricas oportunidades criativas de uma novidade tecnológica que estava sendo utilizada apenas como veículo de registro banal do cotidiano.
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Eu selecionei abaixo os 10 melhores trabalhos do diretor, disponíveis no Youtube, para facilitar o início do seu garimpo cultural:
Le voyage dans la lune (1902)
Photographie électrique à distance (1908)
L’homme à la tête de caoutchouc (1901)
L’uomo orchestra (1900)
Escamotage d’une dame chez Robert-Houdin (1896)
Un homme de têtes (1898)
Le royaume des fées (1903)
Giovanna D’Arco (1900)
Les quatre cents farces du diable (1906)
À la conquête du Pole (1912)
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não…
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