Críticas

Dica do DTC – “Ringo e Sua Pistola de Ouro”, de Sergio Corbucci

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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Ringo e Sua Pistola de Ouro (Johnny Oro – 1966)

Numa pequena cidade do México, o pistoleiro Johnny Oro (Mark Damon) elimina dois irmãos da família Perez e Juanito (Franco De Rosa), o caçula, jura vingança.

O título internacional surfou na onda do sucesso do Ringo vivido por Giuliano Gemma nos faroestes dirigidos por Duccio Tessari, mas não há relação alguma entre os filmes, esta pérola dirigida por Sergio Corbucci usualmente é eclipsada por outra obra do saudoso mestre italiano, o imponente “Django”, com Franco Nero, lançado na mesma época, injustiça que pretendo desfazer neste resgate.

Eu adoro a criativa solução encontrada para o desfecho do aguardado duelo entre Johnny e Juanito, mas ela funciona bem exatamente porque o tom divertido é dominante desde o início, os exageros característicos do western spaghetti são abraçados na entrega espirituosa de Mark Damon, compondo uma adorável caricatura amoral e galhofeira, um caçador de recompensas que ostenta sua vaidade no revólver dourado que carrega na cintura.

O roteiro busca inspiração no clássico norte-americano “Matar ou Morrer”, a população da cidade de Goldstone, covarde e submissa, abandona o local ao primeiro sinal de perigo, deixando a responsabilidade nas mãos do íntegro xerife, vivido por Ettore Manni.

O ponto curioso é que, ao contrário da trama citada, o interesse não está em celebrar a bravura do homem da lei, mas sim, ridicularizar a sua figura, apontar a sua ingenuidade.

Ele verdadeiramente crê que apreender a arma de todos que adentram a cidade é uma forma eficiente de manter a paz, percepção que logo será radicalmente modificada.