No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Balada de Orin (Hanare Goze Orin – 1977)
Orin (Shima Iwashita), cega de nascimento e sem família, é levada por um viajante para uma casa onde moram várias mulheres cegas. Lá ela aprenderá a ser atriz itinerante e também descobrirá a difícil vida das mulheres cegas, cheia de tabus e proibições.
A carreira do mestre japonês Masahiro Shinoda é brilhante, pérolas como “Himiko” (1974), “Guerra de Espiões” (1965), “Flor Seca” (1964) e “Ansatsu” (1964) só melhoram a cada revisão, mas nutro carinho especial por um título que não é muito lembrado, o impactante “Balada de Orin”, que conta com a atuação poderosa de Shima Iwashita, esposa do diretor na vida real, e uma trilha sonora inesquecível, composta pelo saudoso Tōru Takemitsu.
“Amitaba (Buda) misericordiosamente nos fez cegas, para que sejamos poupadas de ver os infernos deste mundo.”
Orin é ensinada desde cedo que não pode se relacionar romanticamente com homens, uma atitude que representa a imediata expulsão do grupo, mas, ao contrário de suas colegas, a bela jovem aprecia ser desejada. O caminho dela vai se cruzar com o do enigmático personagem, vivido por Yoshio Harada, que, para o espanto da mulher, respeita sobremaneira sua fragilidade, jamais intenciona se aproveitar de sua condição.
Os dois eventualmente se entenderão como marginais na cultura japonesa da época, ela, banida por desrespeitar a regra principal do grupo que a acolheu quando criança, ele, por rejeitar o serviço militar.
O desfecho é previsivelmente trágico, a cena final é intensamente triste e vai se manter em sua mente por muito tempo.
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