No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Júlio César (Julius Caesar – 1953)
Temendo que o general lance uma campanha para se tornar rei, grupo de senadores da República Romana, entre eles Bruto (James Mason) e Cássio (John Gielgud), elimina Júlio César (Louis Calhern). Os senadores permanecem impunes até Marco Antônio (Marlon Brando), amigo de César, os acusar do crime. Os conspiradores fogem então para o Oriente, onde formam um exército. Antônio, por sua vez, também forma um exército para lutar contra eles.
A união da genialidade de Shakespeare e o brilhantismo do roteirista/diretor Joseph L. Mankiewicz, com nomes como Marlon Brando, James Mason, Deborah Kerr e John Gielgud no elenco, e, na assinatura sonora, o talento do mestre húngaro Miklós Rózsa, “Júlio César” era um projeto da MGM que não tinha como dar errado.
O conceito inicial já evidenciava inteligência emocional. O sucesso recente do épico “Quo Vadis” (1951), um espetáculo colorido, grandioso em todos os aspectos, poderia ter influenciado, algo que seria mercadologicamente compreensível, mas o produtor John Houseman enfrentou os executivos do estúdio que, obviamente, buscavam a repetição da fórmula lucrativa.
Ele firmou os pés e vendeu uma proposta radicalmente oposta, uma abordagem minimalista, em preto e branco, mais conectada com a origem teatral, fiel em letra e espírito à essência da trama, um visceral jogo de poder político.
O jovem Brando estava dando seus primeiros passos na indústria, depois do impacto de sua presença em “Uma Rua Chamada Pecado” (1951), e, como ele era um dos poucos nomes na produção sem experiência com a peça, a sua escolha foi recebida por muitos com ceticismo, afinal, a dicção do seu Kowalski não combinava com a tradicional fleuma shakesperiana.
O desafio foi abraçado pelo jovem, que absorveu todas as sugestões de seus colegas, entregando uma performance que causou até inveja no James Mason durante as filmagens. O veterano ator britânico ficou incomodado e reclamou com o diretor, afirmou que o garoto estava roubando o seu protagonismo, atitude arrogante que provavelmente estimulou ainda mais Brando, que está perceptivelmente irrepreensível em cena.
Trilha sonora composta pelo saudoso mestre húngaro MIKLÓS RÓZSA:
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