“Star 80”, de Bob Fosse, com MARIEL HEMINGWAY

Star 80 (1983)

A modelo Dorothy Stratten (Mariel Hemingway) é jovem e bem-sucedida no início dos anos 1980 quando se casa com Paul Snider (Eric Roberts), seu agente e empresário. Após o casamento, ele se mostra um marido ciumento e bastante perigoso.

A carreira do saudoso dançarino, coreógrafo e diretor Bob Fosse é usualmente lembrada por filmes como “Cabaret” (1972), “Lenny” (1974) e “All That Jazz – O Show Deve Continuar” (1979), mas considero a sua despedida criativa, “Star 80”, o seu projeto mais emocionalmente impactante, baseado em uma trágica história real.

O leitmotiv de sua obra nunca foi exposto de forma tão brutal, uma análise profunda dos aspectos mais monstruosos da natureza humana, um olhar desesperançado, realista, sobre as consequências psicológicas da rejeição.

Mariel Hemingway, que havia encantado o mundo no excelente “Manhattan”, de Woody Allen, vive a jovem que, sem entender os motivos, acaba adentrando o universo vazio e perigoso da fama, após uma sessão fotográfica incentivada pelo namorado grosseirão, tosco, vivido brilhantemente por Eric Roberts.

Ao iniciar a trama já evidenciando o terrível destino da jovem, Fosse potencializa o simbolismo de cada camada que adiciona em sua estrutura em flashback, transformando os pueris momentos de alegria na jornada em algo tocante, pungente. Inteligentemente, não há interesse em alívios cômicos, o clima é coerentemente depressivo do início ao fim.

Paul enxergava na garota a possível satisfação de suas fantasias de elevado status social, mas, quando finalmente conseguiu seu objetivo, constatou assustado que não havia sido psicologicamente preparado para lidar com esta idealizada companheira. A insegurança da simplória Dorothy caiu por terra ao ser paparicada pela elite, mas havia grandeza interna, ela se adaptou melhor aos novos rituais e já vislumbrava uma carreira como atriz.

A mensagem do filme é sóbria, não há redenção, na corrida de ratos que é a indústria do entretenimento, os corações mais puros são sempre sacrificados.

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