Críticas

“Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos”, de Harald Zwart, na HBO MAX

CRÍTICA ESCRITA E PUBLICADA ORIGINALMENTE EM 22/08/2013.

Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos (The Mortal Instruments: City of Bones – 2013)

Quando sua mãe é atacada e levada de casa em New York por alguma criatura, uma aparentemente adolescente comum, Clary Fray (Lily Collins), descobre coisas sobre seu passado e linhagem durante sua busca para salvá-la.

Quando um produto não é bom, basta colocar um título pomposo, estender o conceito para uma trilogia e inserir em cada livro um subtítulo extravagante que insinue alguma complexidade. Uma máxima da publicidade que está se tornando lugar comum no gênero infanto-juvenil da indústria americana. “Sagas” com tramas rasas que poderiam ser resumidas em um curta-metragem, protagonistas inexpressivos de competência limitada e pôsteres sem nenhuma originalidade e que nos remetem às capas daqueles livros de romance que vendiam nas bancas de jornais.

O projeto não esconde se tratar de uma tentativa desesperada dos produtores em lucrar com uma franquia, roubando de praticamente todos os sucessos recentes no gênero. Existe um pouco de “O Código Da Vinci”, muito de “Harry Potter” (a autora Cassandra Clare escrevia fanfics baseados no personagem), algo de “Stargate”, uma pitada de “Blade” e a ingenuidade tola de “Crepúsculo”, amalgamando sem criatividade vampiros, demônios, lobisomens e bruxas.

Os efeitos em CGI são no limite do aceitável, com alguns monstros que parecem saídos de filmes B dos anos 90. O romance é de comercial de margarina, com direito a cenas e diálogos que causam riso involuntário. Aquele tipo de produto que é feito pensando apenas nas jovens leitoras que já conhecem a trama e que buscam apenas “ler” o livro com gravuras em movimento e som. Com certeza a atuação é melhor na imaginação delas, mas provavelmente não irão notar.

O diretor Harald Zwart não consegue equilibrar a ação e a (pouca) emoção, tornando tudo muito episódico, como se duas equipes distintas (ambas incompetentes) estivessem responsáveis pelo mesmo filme. Quando ocorre alguma tentativa de humor, a inconsistência se mostra mais aparente (percebam a vergonhosa cena que insere o genial compositor Bach nesta bagunça). Difícil extrair humor de robôs.

A novata roteirista Jessica Postigo faz um resumo do livro, sem se preocupar em adaptá-lo para grande parte do público que não conhece a obra. Triste ver uma jovem com o potencial de Lily Collins (Clary) perder tempo com material tão genérico.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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