Críticas

Dica do DTC – “No Limiar da Liberdade”, de Joseph Losey

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

No Limiar da Liberdade (Figures in a Landscape – 1970)

Dois homens (Robert Shaw e Malcolm McDowell) fogem de um helicóptero em meio a uma região montanhosa e desértica de um país desconhecido. Não sabemos a razão, quem são ou o que querem com eles, apenas que precisam correr a todo o custo por suas vidas.

O ator britânico Malcolm McDowell alcançaria fama mundial no ano seguinte, com o excelente “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, mas até este momento ele havia protagonizado “Se…” (1968), de Lindsay Anderson, obra que é cultuada por muitos cinéfilos, no que não me incluo, considero intensamente problemática.

“No Limiar da Liberdade”, produzida no intervalo destes dois filmes, infelizmente foi esquecida, uma experiência kafkiana instigante, preciosa aula de tensão do diretor Joseph Losey, vale ressaltar, corajosamente longe de sua zona de conforto.

Tempos atrás, a garotada moderna descobriu esta pérola sem querer, apenas porque alguém postou o vídeo de uma das perseguições de helicóptero, sequência que viralizou nas redes, parece que a filmagem sem efeitos de computador, contando com a perícia da equipe técnica, chocou o público jovem que está acostumado com o entretenimento cada vez mais vazio e artificial.

Os homens, de mãos atadas nas costas, fogem no deserto inóspito da figura de autoridade representada pelo helicóptero, uma ameaça que parece zombar da pequenez de quem ousa se esquivar de sua presença. A máquina pode eliminar os alvos quando desejar, mas ela aprecia o elemento do medo que causa nas suas presas.

O motivo da caçada nunca é explicado, não importa na alegoria proposta pelo roteiro, opção inteligente que hoje em dia jamais seria cogitada pela indústria.

Um tesouro que definitivamente merece ser redescoberto.

  • Você encontra o filme com facilidade garimpando na internet.
Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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