CRÍTICA ESCRITA E PUBLICADA ORIGINALMENTE EM 31/10/2013.
Thor – O Mundo Sombrio (Thor – The Dark World – 2013)
Mundos colidem quando um poderoso inimigo antigo ameaça mergulhar o cosmos na escuridão eterna. Agora, reunido com Jane Foster (Natalie Portman), e forçado a forjar uma aliança com seu traiçoeiro irmão Loki (Tom Hiddleston), Thor (Chris Hemsworth) embarca em uma perigosa jornada pessoal para salvar a Terra e Asgard da destruição.
Não há como negar que este projeto representa um progresso técnico considerável quando comparado ao medíocre entretenimento oferecido pelo filme original. Mas também não dá para negar que ele é escravo das limitações de qualquer produto industrial, cuja fórmula de sucesso (não necessariamente de qualidade) impossibilita arroubos de originalidade em estilo e substância.
Ele é parte de uma engrenagem empresarial ambiciosa produzida a toque de caixa, direcionada a um público que não é obrigatoriamente formado por apreciadores de cinema. O desleixo com o roteiro no anterior é minimizado nesta sequência, ainda que todo o terceiro ato sofra dos mesmos problemas. O desfecho não poderia ser mais genérico, com a reutilização de um artifício narrativo que já estava datado em meados da década de 90.
Assim como no anterior, os quatro guerreiros amigos do protagonista atravessam pelos cenários como figurantes de “Malhação”, sem nenhuma preocupação da produção em fazer valer o alto cachê dos atores.
A relação amorosa entre o herói e Jane Foster (Natalie Portman) continua rasa e com cenas que não passam nenhuma credibilidade. Como exemplo, a relação de amizade entre Tony Stark e Bruce Banner em “Os Vingadores” é muito mais verossímil, ainda que com menor tempo de exposição. Num rompante de criatividade narrativa, buscando desesperadamente dar alguma relevância à personagem, Jane faz o caminho inverso de seu amado deus no filme anterior, indo franzir o cenho no mundo dele. Provavelmente os dois irão juntos para um mundo estranho no próximo, riscando a última opção na cartilha que é utilizada desde Flash Gordon.
Vilões absurdamente caricaturais (como o elfo negro “Malekith”, “interpretado” por Christopher Eccleston) que poderiam fazer parte do elenco dos “Power Rangers” e um senso de humor tolo que se limita a frases de efeito desgastadas (não chegam nem perto da esperteza que Joss Whedon praticou no já citado “Os Vingadores”). Não é possível que os roteiristas tenham feito um brainstorming de mais que alguns minutos na elaboração do plano maquiavélico, que faria corar de vergonha alheia o Dr. Evil de “Austin Powers”.
Somente quando o foco está direcionado ao relacionamento entre Thor (Chris Hemsworth, confortável no papel) e Loki (Tom Hiddleston, mais confortável ainda), a escala épica é realmente alcançada, com auxílio inestimável da direção elegante de Alan Taylor (de “Guerra dos Tronos”), que transporta Asgard arquitetonicamente muito mais próxima de sua contraparte nos quadrinhos de Jack Kirby.
Claro que o filme diverte razoavelmente e, pelo menos nos primeiros dois atos, não causa nenhum constrangimento grave, mas é esquecido no momento em que você pisa fora da sala escura. A Marvel já demonstrou que pode fazer entretenimento muito melhor, então que venham os próximos projetos desta “Fase 2”.
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