“King of The Bullwhip”, com LASH LARUE

King of The Bullwhip (1950)

Um cowboy se disfarça como um bandido mascarado para descobrir um ladrão de barras de ouro.

Quando o personagem Indiana Jones, criado por George Lucas e Steven Spielberg, ainda representava algo mágico, antes de ser utilizado recentemente como humilhante muleta para avançar com a fluidez de uma redação de ensino primário uma torta agenda ideológica, e, por conseguinte, se tornar um justo fracasso comercial mundial, eu costumava estudar os bastidores das filmagens da clássica trilogia, cresci apaixonado pelas aventuras do professor de arqueologia vivido por Harrison Ford.

Um detalhe curioso que aprendi neste garimpo cultural na adolescência fez com que eu buscasse em VHS nas locadoras de vídeo os cowboys da época de ouro de Hollywood.

Lash LaRue (Reu Alfred Wilson) ficou conhecido pelo público brasileiro como Don Chicote, através das histórias em quadrinhos lançadas na década de 50 pela editora RGE. Eu creio que seus filmes nunca foram exibidos nas salas de cinema por aqui, mas, ainda assim, graças aos gibis, ele se tornou muito popular. O seu diferencial, além da vestimenta negra e do chapéu ligeiramente levantado do lado direito, era a utilização do chicote (lash) nos confrontos, uma ideia realmente instigante que capturou o imaginário da garotada.

Ele, já na fase crepuscular de sua vida, foi chamado para ensinar Harrison Ford a manusear o chicote de forma cenicamente empolgante, no estágio de preparação para as filmagens de “Os Caçadores da Arca Perdida”. Sim, ele foi o responsável pelo aspecto mais interessante da formação de Indiana Jones, mais uma prova do respeito que Lucas e Spielberg tiveram com a memória cultural, honrando a homenagem prestada aos antigos cinesseriados.

Lash LaRue brilhou em pérolas como “Dead Man’s Gold” (1948) e “Pioneer Justice” (1947), você encontra hoje em dia várias no Youtube, mas considero “King of The Bullwhip” o seu melhor trabalho, filmado em incríveis cinco dias, dirigido pelo estreante Ron Ormond, que se tornaria mais conhecido na década de 70, por “If Footmen Tire You, What Will Horses Do?”, abordando em tom de alerta os males da mentalidade revolucionária marxista em crianças.

O roteiro é simples, como era usual nestas produções de baixo orçamento, mas as cenas envolvendo a utilização do chicote se destacam no cenário repetitivo do gênero.